ALERTA: Ocupação William Rosa pode ser despejada nessa madrugada

Da Redação, de BH

A Ocupação William Rosa, em Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, pode ser despejada nessa madrugada. O CEASA, que fica do outro lado da Avenida Severino Ballesteros e reivindica a posse do terreno, enviou inclusive uma nota de alerta para que seus funcionários evitassem entrar pela portaria próxima à ocupação durante a ação da PM.

O movimento tem tentado, nos últimos dias, negociar alternativas com a Prefeitura, o CEASA e os governos estadual e federal, mas esbarraram na intrasigência do Judiciário, que ignorou as negociações em curso e autorizou a PM a realizar o despejo.

Hoje (21), 19h, ocorrerá uma assembleia dos moradores com apoiadores do movimento, que definirá medidas de resistência e negociação.

A Ocupação William Rosa fica localizada na Av. Severino Ballesteros, no bairro Laguna, Contagem.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo movimento:

“Situação William Rosa e Marião permanece tensa
Solicitamos a todos os apoiadores que se mantenham em alerta e, se possível, preparem-se para estarem conosco em vigília durante esta noite e madrugada.
No dia de ontem pela manhã o 18° batalhão de Contagem, sem cumprir as exigências de protocolo, notificou a ocupação de que o despejo da ocupação William Rosa esta agendado para acontecer a partir do dia 22 de junho, quinta-feira.

Junto com a notificação fomos chamados pelo governo do estado, através da Cohab, para uma reunião onde apresentariam uma proposta aos moradores. De acordo com o representante do governo a prefeitura de Contagem doaria terreno para que a empresa Direcional construa 432 apartamentos para as famílias em um prazo de 1,5 anos. A direcional deve uma contrapartida ao município pela concessão para o mega empreendimento que desenvolveu perto ao Shopping Itaú.

Até que a construção se efetive a prefeitura disponobilizará terrenos para abrigamento provisório das 432 famílias em condições similares a que estão hoje, garantindo os 50m² para cada moradia. A Cohab garantiria madeirite, cimento e telhas para a construção das barracas e o transporte das mudanças para os locais. Deste encontro ficou acertada a realização de uma nova reunião hoje as 16h, omde outros agentes foram convocados.

A proposta foi apresentada ao movimento após ter sido realizada uma reunião entre o Governador do Estado, presidente da Cohab e representantes da OAB. No entanto, o governo do estado não garante o não cumporimento da reintegração de posse, agendada para dia 22, o que fariam é mais uma tentativa de suspensão na justiça. Infelizmente o que temos visto até hoje é uma extrema parcialidade e insebilidade da justiça para os conflitos que envovem moradia e para este em especial.

A movimentação do governo é uma resposta a mobilização e disposição de resistência que as famílias mostraram nestes últimos 4 anos. Em especial nestes últimos 20 dias após o agendamento do despejo. É também fruto do empenho de apoiadores e lutadores da cidade que entendem o quão insano é tentar despejar a William Rosa.

Em assembleia, os moradores das duas ocupações apontaram por aceitar a proposta apresentada, caso ela se concretize. No entanto continuam aflitos. A decisão de despejo a partir do dia 22 (amanhã) permanece. O terror no entorno feito pela polícia, aliados do poder e pela Ceasa continua intenso. Além disso, os terrenos não foram apontados, onde estão localizados? Caberá de fato todas as famílias? Terá escola, posto de saúde e transporte para todos? Quais as garantias de que a construção das unidades habitacionais será efetuada no prazo? Onde os apartamentos serão construídos?

As famílias nunca se negaram a negociar, a 4 anos apontaram que aceitariam a proposta de sair do terreno e se transferirem para moradias de programas estatais. A não concretização das propostas até o momento foi exclusivamente fruto da inoperância e indisposição dos entes públicos e da intransigência da Ceasa. Por isto é lamentável que estejamos indo a uma negociação sob ameaça de derramamento de sangue.

Os 1700 moradores das ocupações William Rosa e Marião querem uma saída digna de moradia e estão dispostos a lutar até que isto aconteça. Sabem que enfrentam forças poderosas o poder estatal, o peso da mão de Newton Cardoso (responsável pela direção da Ceasa) que continua sendo um cacique em Contagem e no Estado de Minas. Mas as famílias popbres e trabalhadoras têm ao seu lado a razão que vêm da necessidade e da justeza de sua luta e o apoio e solidariedade de lutadores honestos.

Despejo é absoluta COVARDIA”

Foto: Reprodução Facebook