Por Lígia Lopes Gomes, de São Bernardo do Campo
Na quarta-feira, dia 7 de junho, estudantes e professores da Escola Estadual Maurício de Castro, na Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo, fizeram um protesto contra as péssimas condições de estudo. Segundo a estudante Keyla, aluna da 8ª série, membro do Conselho da Escola e uma das organizadoras do ato, isto foi uma resposta necessária aos problemas que enfrentam. “Não queria que tivesse chegado a esse ponto, mas acabou chegando e acho que foi a única forma que a gente tentou fazer algo para poder mudar”, disse a aluna.
Keyla explicou que a escola funciona em três períodos – manhã, tarde e noite – e que antes contava com sete inspetores, mas atualmente conta com apenas uma, que está na escola há 23 anos. A inspetora trabalha nos períodos da tarde e noite, o que faz com que as aulas no período da manhã não contem com esse tipo de apoio. A escola tem aproximadamente 1500 alunos, dois andares de salas e mais de 30 turmas.O resultado desse descaso são portas quebradas e uma grade retirada da parede.
Além da falta de inspetor, a escola também ficou vários dias sem trabalhadores de limpeza, o que a deixou em uma situação ainda mais lamentável. A professora de sociologia, Soraia Neves, aponta que além da falta de funcionários, faltam também materiais básicos.
A Vila São Pedro é um dos bairros mais populosos de São Bernardo do Campo e tamanho descaso pode ser compreendido como um projeto político do governo Alckmin, que há quase dois anos foi derrotado em seu projeto de fechamento de escolas pela onda de ocupações dos estudantes. Agora ele vem aplicando a política de fechamento de turmas e redução de custos de maneira silenciosa, que não merece destaque na grande imprensa, mas é muito sentida pelos professores e alunos. Conforme a professora Soraia aponta, “tem, na verdade, essa visão de que existe escola para pobre e existe escola para rico, né? As escolas de bairros de classe média, mesmo sendo públicas, você percebe que é um trato maior. Inclusive do próprio governo”.
O ato do dia 7 de junho foi um passo na luta pela Escola da Vila São Pedro. Provavelmente foi o mais importante até agora, porque foi organizado e conduzido pelos estudantes, que, segundo a professora Soraia, “escreveram as músicas e as palavras de ordem. Além do problema de falta de funcionário, eles colocaram outros problemas”. O ato contou com apoio do Sindicato dos Professores de São Bernardo do Campo.
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