Imóvel é a antiga sede do jornal “Hoje em Dia”, que em 2015 demitiu cerca de 150 funcionários sem pagar o última salário e direitos trabalhistas.
Por Diego Franco David de BH
Jornalistas e trabalhadores gráficos de Minas Gerais demitidos do jornal Hoje em Dia ocuparam, na manhã desta quinta-feira (01/06), o prédio que funcionava como sede do Jornal. O edifício voltou a estrelar a grande mídia brasileira depois que o sócio-diretor da JBS Joesley Batista afirmou, em sua delação premiada, que teria usado o imóvel como propinoduto para o senador afastado Aécio Neves (PSDB/MG).
Joesley revelou que pagou R$ 17 milhões por esse edifício – que chamou de “predinho” – de forma superfaturada, a pedido do senador. Segundo o diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) Felipe Canêdo, parte do valor, obviamente, virou caixa dois. “Ou cx2, como o senador prefere dizer”, ironizou.
Cerca de 100 pessoas ocupam o imóvel neste momento. Além do Sindicato dos Gráficos (STIG-MG) e o SPJMG, o movimento conta com o apoio do SindiElétro, do Sindágua, do Levante Popular da Juventude e do MST.
O “predinho” fica na R. Padre Rolim, 652, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Os manifestantes convocam a população a se integrarem à ocupação. Confira o evento do facebook do ato:
Entenda o ato
Em março de 2016, o jornal Hoje em Dia demitiu 150 trabalhadores, entre eles metade da redação (cerca de 40 jornalistas). Até o momento, os trabalhadores ainda não receberam direitos trabalhistas, como FGTS, nem o salário do último mês. Segundo o SJPMG, os colaboradores foram dispensados sem comunicação prévia e, por isso, sem intermediação da entidade.
Os ex-funcionários reivindicam o pagamento do salário referente ao último mês trabalhado e seus direitos trabalhistas. A ocupação também levanta a bandeira de uma imprensa mais livre, transparente e democrática.
A venda do imóvel para a JBS apareceu durante ação movida contra o “Hoje em Dia” pelos 150 trabalhadores demitidos pela empresa, em fevereiro e março de 2016. A demissão aconteceu depois que o Grupo Bel vendeu o jornal para o então prefeito de Montes Claros, Rui Muniz. A história não acaba aí, Rui Muniz é alvo de duas operações policiais – que lhe renderam cem dias de cadeia e uma fuga de mandado de prisão. Ele é acusado de beneficiar seu próprio hospital e também de estar envolvido num esquema de super-faturamento de combustível.
Segundo Eliana Lacerda, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, e uma das demitidas do jornal Hoje em Dia, essa é uma ação política para chamar a atenção da população para a situação dos trabalhadores demitidos há mais de 1 ano. “O fato do prédio ter voltado aos noticiários demonstra que a grande corrupção que afeta o país tem consequências diretas na vida das pessoas. Enquanto figuras importantes do cenário político estão envolvidos em escândalos dignos de história de máfia, trabalhadores simplesmente tem seus direitos mínimos desrespeitados”, comentou.
Eliana ainda explica que a situação dos demitidos é muito difícil, principalmente devido ao contexto de reformas que o país vive neste momento. E relata seu caso pessoal “Minha audiência de reintegração está marcada para 2018, mas se eu não tivesse sido demitida eu iria me aposentar em junho deste ano. Ou seja, eu posso ficar sem aposentadoria e sem emprego”. Para a sindicalista essa ação pode trazer o debate
Confira o panfleto distribuído pelos manifestantes
Assista o vídeo
Comentários