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MOVIMENTO

Movimentos lançam manifesto pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Da Redação

Nesta quinta-feira, 18 de maio, será lembrado o dia nacional da luta antimanicomial, que completa 30 anos. No entanto, o tema ainda é de desconhecimento de parte da população. Foi no sentido de esclarecer sobre o que é este movimento social, que o Núcleo Estadual do Movimento Antimanicomial NEMLA RJ, o Fórum de Saúde do Rio de Janeiro e a Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos RJ construíram um manifesto.

“O manicômio, sejam eles hospitais psiquiátricos, manicômios judiciários ou as Comunidades Terapêuticas, são espaços onde torturas e maus tratos são recorrentes”, denuncia o manifesto. De acordo com a nota, “o manicômio nasceu atrelado a um projeto de sociedade capitalista e, por isso, uma de suas mais importantes características é o isolamento, reproduzindo uma lógica de opressão e exclusão social que tem efeitos ainda mais perversos quando se dirige a mulheres, em especial as mulheres negras, assim como homens negros, gays, lésbicas, pessoas trans e travestis e, durante períodos de exceção, presos políticos e militantes”. Ainda, segundo relatam, o objetivo do movimento não é de humanizar o manicômio. “Queremos o seu fim”, afirmam.

Confira a íntegra do manifesto, abaixo:

“Manifesto pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro

“30 ANOS DE LUTA:RESISTINDO SEM TEMER!”

No dia 18 de maio é comemorado, em todo o país, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Mas, você sabe o que é luta antimanicomial? Esse movimento social é formado por pessoas que se organizam enquanto usuários, familiares, trabalhadores, pesquisadores, artistas e todos aqueles que lutam por um um outro modelo de sociedade, POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS!

Este ano o movimento completa 30 anos, existindo, resistindo e persistindo, e todo ano, para marcar a importância desse dia, em ato público, ocupamos as ruas da cidade. O manicômio, sejam eles hospitais psiquiátricos, manicômios judiciários ou as Comunidades Terapêuticas, são espaços onde torturas e maus tratos são recorrentes. O manicômio nasceu atrelado a um projeto de sociedade capitalista e, por isso, uma de suas mais importantes características é o isolamento, reproduzindo uma lógica de opressão e exclusão social que tem efeitos ainda mais perversos quando se dirige a mulheres, em especial as mulheres negras, assim como homens negros, gays, lésbicas, pessoas trans e travestis e, durante períodos de exceção, presos políticos e militantes.

Por isso, não queremos humanizar o manicômio, queremos o seu fim! Muitas foram as conquistas do movimento antimanicomial na chamada Reforma Psiquiátrica, que busca novos modos de assistência e cuidado às pessoas em sofrimento mental e que é hoje referência internacional. Houve avanços como o progressivo fechamento de leitos em hospitais psiquiátricos e sua substituição por serviços de base comunitária, como o CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), além do surgimento de espaços de arte e cultura, aumento de debates públicos sobre o tema, entre outras muitas atividades que garantiram uma mudança de vida para milhares de pessoas. Nada disso nos foi dado, todos os avanços foram conquistados com muita luta e pressão popular.

Mas, apesar desses inegáveis avanços, vivemos hoje um cenário muito grave de retrocessos e de ameaça aos movimentos sociais, às políticas públicas e os direitos sociais. O atual contexto nacional é de crescentes ataques à direitos da população com a recente aprovação da emenda constitucional que congela gastos públicos por 20 anos, a Reforma Trabalhista e a proposta de Reforma de Previdência. O estado do Rio de Janeiro vive uma crise sem precedentes, fruto de uma administração pública que privilegia o grande capital em detrimento da população que sofre com o desmonte de serviços básicos de educação, transporte, assistência e saúde.

Na saúde, a Reforma Psiquiárica Antimanicomial também se encontra ameaçada à medida em que a proposta de um SUS gratuito e para todxs está cada vez mais fragilizada! Hoje temos na rede pública de saúde mental a precarização de vínculos dos profissionais, com baixos salários, constantes atrasos de pagamento e a deterioração das condições de trabalho em geral. O cerceamento do direito dxs usuárixs ao acesso à cidade, através da restrição ao passe livre e a progressiva falta de medicamentos e insumos nos serviços também compõe este preocupante cenário. Não podemos permitir que a indústria da loucura vença! Não iremos aceitar que o lucro vença a vida, que os interesses de mercado levem as pessoas à morte e aos maus tratos, sejam em hospícios, seja na desassistência de uma rede de saúde mental precarizada em nome do lucro. Por isso nesse 18 de maio seguiremos em luta!

Resistindo sem TEMER! Ocupando e gritando nas ruas:

  • Primeiramente, FORA TEMER!
  • Não as Reformas trabalhistas e da previdência!
  • Não às OSS, EBSERH e Fundações Estatais!
  • Não às Comunidades Terapêuticas e internações compulsórias!
  • Por um SUS e por políticas públicas estatais, de qualidade, universal e gratuitas!
  • Pelo passe livre não apenas para o tratamento, mas para o trabalho e lazer, no direito à cidade!

Assinam este manifesto: Núcleo Estadual do Movimento Antimanicomial NEMLA/RJ

Fórum de Saúde do Rio de Janeiro Frente Estadual Drogas e Direitos Humanos RJ”

Foto: Rádio EBC