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MOVIMENTO

Comunidade acadêmica da Uerj protesta contra atraso de salários e bolsas estudantis no Palácio Guanabara

Docentes acreditam que governo quer vencer a comunidade acadêmica pelo cansaço

Por: Niara Aureliano, do Rio de Janeiro, RJ

A partir das 17h desta terça-feira (16), servidores e estudantes da Uerj, Uenf, Uezo, Faetec e Cecierj estarão em frente ao Palácio Guanabara em protesto contra o atraso de salários e bolsas estudantis, que aflige a comunidade acadêmica das universidades estaduais do RJ. Só na Uerj, pelo menos 7.800 alunos, dos 42 mil alunos, são cotistas e dependem dos auxílios financeiros para manter os estudos. Organizado pela Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), eles darão uma ‘aula pública’ com a participação da docente da UFF, Virgínia Fontes, com o tema movimentos sociais. Para o ato, a paralisação na Uerj inicia por volta das 14h.

Segundo o docente e diretor da Asduerj, Felipe Demier, os professores receberam o salário de março na manhã desta terça, mas ainda não têm previsão do salário de abril. Os estudantes também receberam as bolsas estudantis de março, mas ainda não receberam a bolsa de abril, que pode ser depositada ainda esta semana. Já os técnicos-administrativos, em greve há quatro meses, não receberam o 13º salário e o salário de abril, mas há servidores que ainda não receberam o salário de março, denunciam. Frente à ordem da reitoria da Uerj para cumprimento de trabalho que não se enquadra na essencialidade dos serviços que devem ser mantidos apesar da greve, procedimentos não adiados pela reitoria foram interrompidos pelos servidores no começo de tarde desta terça.

O docente Guilherme Abelha traduz o descaso do PMDB com a Uerj como uma maneira de vencer a comunidade acadêmica pelo cansaço. Ele acredita que “o cenário de atraso continuado de salário cria descompassos que fragilizam a resistência” e que “o desespero toma conta dos ânimos” na instituição. “O tempo longo e a insistência de Pezão e Temer e o cansaço são claramente obstáculos para a manutenção da [nossa] resistência. A falta material generalizada mina a capacidade de reflexão coletiva da categoria, uma vez que o desespero toma conta dos ânimos”, diz, mas acredita que resultados positivos podem sair do protesto de hoje, devido ao grande apoio que costumam receber da população fluminense.

A estudante de Pedagogia Iris Nascimento acredita que a aula pública deve “aproximar a população da luta de defesa das estaduais”. “Acho q a aula pública mostra a luta além do muro da universidade, mostra que a situação mesmo não estando fácil, estamos na luta porque queremos estudar, trabalhar e principalmente que nossos direitos sejam garantidos”, afirma a estudante.

Na quarta (17) os docentes devem se reunir em assembleia para discutir as táticas do movimento que quer pressionar o governo a regularizar o pagamento dos salários e bolsas estudantis, para garantir o funcionamento da Uerj.

Ainda pauta do funcionalismo estadual, inclusive dos servidores das universidades estaduais, é a saída de Luiz Fernando Pezão do governo do estado. No dia 5 de maio, a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro (PRE-RJ) pediu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mantivesse a cassação do mandato e a inelegibilidade de Pezão e de seu vice, Francisco Dornelles (PP). A ação de cassação se baseia nos benefícios e isenções concedidos à empresas, possivelmente como favores às empresas que doaram para a campanha da chapa em 2014, além da omissão de R$ 10 milhões.

*Texto publicando originalmente no NOS