Por: Priscilla Costa, de Salvador, BA
Escrevo esse texto com um certo atraso, talvez do ponto de vista da data, mas não do peso histórico do fato. A essa altura, muitas análises e opiniões sobre a greve geral do dia 28 de abril já foram feitas por parte das mais distintas referências: centrais sindicais, a grande mídia, diversos ativistas com seus textões de facebook, sociólogos, historiadores, entre outras abordagens. O dia 28 entrou para a história e foi assunto não só no Brasil, mas também no mundo. Segundo muitas fontes, a expectativa é de que tenha sido a maior greve geral da história do país. E, pela extensão territorial brasileira, há a possibilidade de que esteja também entre uma das maiores do mundo.
Na data, vivemos grandes manifestações em todos os estados, contabilizando protestos em 254 cidades, desde as capitais, até as pequenas cidades do Interior, o que comprova a abrangência da luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista. É praticamente incalculável o número de trabalhadores que pararam suas funções. Além do setor de transporte, paralisaram os trabalhadores dos bancos, escolas, indústria e comércio.
Combinado às paralisações, tiveram também os numerosos atos de rua. Escrevo de Salvador, Bahia, aonde foi expresso um dos atos de maior número. Ao todo, foram 72 mil pessoas, segundo boletim informado pela PM-BA, mesmo sem transporte público funcionando. A maior manifestação de rua na capital baiana desde as jornadas de junho de 2013.
Para quem viveu o momento e construiu o dia não há dúvidas: entramos para os livros de história e contaremos esse dia para as próximas gerações com orgulho.
É preciso um novo junho, à esquerda e radical
No próximo mês, completaremos exatamente quatro anos de uma das maiores manifestações marcadas pela juventude brasileira: junho de 2013. O próximo junho virá diante de um cenário de retirada de direitos e em tempos de figuras como Trump, Bolsonaro e Temer. O atual presidente brasileiro tem o governo mais impopular da história do Brasil. As últimas pesquisas mostram que a grande maioria da população está contra Temer e suas reformas.
Também não é novidade que ele não se importa nem um pouco com o apoio popular e tem pressa em aprovar as reformas que só favorecem a elite dominante do nosso país, como a lei da terceirização, PEC 55, entre outros exemplos.
Junho de 2013 mostrou o potencial que as lutas têm de fazer tremerem as estruturas das classes dominantes do país. Mas, também mostrou que uma luta sem horizonte bem definido pode se dispersar e retroceder na oportunidade histórica de fazer mudanças. O dia 28 de abril trouxe uma nova lição: mostrou a importância das bandeiras que estão do lado da classe trabalhadora e da juventude, dos sindicatos, da esquerda, movimentos sociais e da unidade entre os que lutam para organizar a resistência.
Ocupar Brasília e construir uma nova greve geral
Estamos diante de um cenário em que muita gente se pergunta qual é o caminho para derrotar Temer. Para a nossa geração, que viveu a experiência de junho e da greve geral, é preciso apostar nas lutas e construir o novo. Não precisamos reeditar o passado. Não podemos esperar uma saída eleitoral apenas em 2018. Em 2018 será tarde demais. Hoje, a única alternativa capaz de barrar a reforma trabalhista e da previdência é a luta através da unidade e por uma saída radicalmente anticapitalista e à esquerda.
É preciso fortalecer as lições tiradas, as urgências do momento e avançar para a construção de uma outra greve geral no país que venha a derrubar, definitivamente, as reformas de Temer e o seu governo ilegítimo. As centrais sindicais aprovaram para o dia 24 de maio uma marcha a Brasília unitária contra as reformas. Mais do que nunca, é preciso ocupar Brasília e sair de lá com uma nova data para uma greve geral de 48 horas.
Não nos faltam motivos para lutar. Estamos diante de um novo momento, uma nova oportunidade e tarefa histórica. Não temos nada a temer.
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