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EDITORIAL

É necessário e possível uma nova Greve Geral

As centrais sindicais definiram que o próximo passo unitário na luta contra as reformas de Temer é Ocupar Brasília entre 15 e 19 de maio. Nos dedicaremos com tudo a esta tarefa, sem qualquer vacilação. Vamos para as plenárias, reuniões de base, locais de trabalho, universidades e escolas batalhar para levar o maior e mais representativo número de pessoas que estiver ao nosso alcance.

Brasília é importante, mas neste momento é totalmente insuficiente. O Governo Temer está decidido e trabalha todos os dias pela aprovação das reformas. A iniciativa segue nas mãos da classe dominante. A grande mídia, o Congresso Nacional e o Presidente golpista colocaram uma agenda de retrocessos em curso, são vários projetos e propostas que representam um atraso de mais de 70 anos nos direitos trabalhistas e sociais conquistados no Brasil. Eles não vão parar, nossa única saída é a luta social organizada.

O dia 28 de abril foi uma gigantesca demonstração de força. O lema “vamos parar o Brasil” não foi apenas uma expressão panfletária. Nas capitais e centenas de outras cidades médias e pequenas a última sexta feira mais parecia um domingo ou feriado. E tudo isso ocorreu com o apoio popular, o resultado das pesquisas de opinião foi inquestionável: a grande maioria da população está contra as reformas.

Por isso uma nova greve geral é necessária e possível. É necessária porque precisamos impedir as reformas. É possível porque a classe demonstrou disposição de luta. A decisão tomada pelas centrais sindicais de não marcar desde já uma nova greve geral é um erro grave, que poderá ter profundos impactos no futuro da mobilização.

As centrais sindicais

Nove centrais assinam o Manifesto publicado no dia de ontem. Entre elas existem políticas e estratégias muito diferentes, por isso existem diferentes visões de como seguir a luta. A maioria da direção da Força Sindical, ligada ao Solidariedade é parte do Governo Temer, sua estratégia e a negociação em busca de mudanças nas reformas.

No dia 26 de abril o Deputado Paulinho da Força reuniu-se com Temer e ameaçou deixar o governo se o presidente não fizesse a seguinte mudança na reforma trabalhista: a retirada do fim do imposto sindical e da cláusula que cria representantes por empresa com poder de negociação.

A estratégia da maioria da direção da Força é mobilizar para negociar em melhores condições com o Governo. Paulinho está mais preocupado em proteger os interesses da burocracia sindical do que os interesses dos trabalhadores. É isso o que explica porque foram contra construir desde já uma nova greve geral.

A CUT, central com amplo poder de mobilização tem uma posição totalmente diferente da Força em relação ao Governo Temer, a CUT foi contra o golpe e está na oposição ao Governo. Justamente por isso poderia ter colocado a direção da Força Sindical contra a parede. Bastava ter defendido no dia de ontem uma nova data de greve geral. Mas isso não ocorreu. O presidente da CUT, Vagner Freitas, abriu a reunião apresentando desde o início a decisão de não definir desde agora uma nova greve geral. A estratégia eleitoral “Lula 2018” começa a mostrar seus limites e impactos na condução da luta. O movimento mostrou força, um passo em frente pode ser dado. Nossa estratégia deve ser derrubar as reformas e lutar pela queda de Temer nas ruas. 2018 será tarde demais.

As únicas vozes dissonantes na reunião foram os posicionamentos da CSP Conlutas e da Intersindical. Coerente com as necessidades e com a disposição da classe trabalhadora neste momento essas centrais apresentaram a proposta de marcar uma greve de 48 horas. Isso não seria contraditório com a ida à Brasília. A greve é a proposta capaz de envolver o povo, parar as cidades, pressionar em outro patamar o Governo e a classe dominante.

 

Ainda é tempo: as centrais devem marcar uma nova Greve Geral

A nota divulgada pelas centrais assume que: Se isso ainda não bastar, as Centrais Sindicais assumem o compromisso de organizar um movimento ainda mais forte do que foi o 28 de abril.” Já está claro que isso não basta, o Governo não retrocedeu um milímetro. Acelerou o trâmite da reforma da previdência, aprovando o projeto em Comissão nesta semana.

Sabemos que muitos trabalhadores e muitos sindicatos estão dispostos a construir uma nova greve geral. Em todas as plenárias, comitês, assembléias de base e reuniões de representantes é hora de abraçar duas tarefas: construir a semana de luta em Brasília e exigir das centrais uma nova reunião formal para marca data de uma nova greve geral. Este movimento na base pode ser vital neste momento. Não temos tempo a perder.