Gangue fascista, apoiada pela PM, ataca refugiados; líder da comunidade é preso
Publicado em: 3 de maio de 2017
Da Redação
Uma marcha de extrema-direita, apoiada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, organizou uma sessão de linchamento contra refugiados árabes na Avenida Paulista. Sob os gritos de “viva a PM” e “Comunista tem que morrer ”, as forças da ordem prenderam os estrangeiros e simpatizantes, que foram levados para o 78 DP, onde continuam encarcerados.
A ação, filmada pelo grupo neo-fascista “Direita São Paulo”, mostra a interação e colaboração entre a extrema direita e a polícia militar.
Hasan Zarif, ativista do movimento Palestina Para Tod@s, foi preso junto com Nour Al Sayed, que foi duramente agredido pela gangue, sendo encaminhado ao pronto-socorro para atendimento médico de emergência. Outro refugiado não identificado, assim como quatro brasileiros ativistas da causa palestina, também foram presos.
Após a tentativa de linchamento, refugiados e simpatizantes foram acusados de formação de quadrilha e atentado terrorista a bomba, versão dos fatos encaminhada pela polícia militar e civil.
O ataque anti-imigrante ocorreu ao final de uma passeata contra a nova lei de imigração, proposta pelo PSDB, em fase de aprovação final no congresso. A lei atual, elaborada durante a ditadura militar, restringe e dificulta a obtenção de documentos no país por estrangeiros.
Em vídeo postado no Facebook, segundo a Folha, o presidente do Direita São Paulo, Edson Salomão, após denunciar como agressiva a figura do “estrangeiro, muçulmano e de nacionalidade palestina”, afirmou: ”Veja só o tipo de comportamento ele quer trazer para nossa nação. Sabemos que ele é totalmente contra Israel. Nós apoiamos declaradamente Israel, como na marcha pró-Trump [o presidente dos EUA, Donald Trump] que realizamos em setembro passado”.
Segundo a vereadora do PSOL Sâmia Bonfim, o delegado responsável pelo caso negou acesso aos refugiados presos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores da cidade.
A manifestação, marcada por gritos xenófobos e racistas, contou com a presença ativa do grupo monarquista “Acorda Brasil”, dirigido por Luiz Philippe de Orleans e Bragança. Auto-intitulado “princípe herdeiro”, que defende o retorno do Brasil à monarquia, ele admitiu que a manifestação era ideologicamente direitista.
O grupo de refugiados árabes e seus simpatizantes vem juntar-se à crescente lista de presos políticos das últimas ondas de protesto no Brasil. Ela inclui, além de Rafael Braga – preso dos protestos de junho de 2013 – três ativistas do MTST, Juracy, Luciano e Ricardo, criminalizados por participaram da Greve Geral de abril deste ano.
Atualização
Os detidos foram liberados ao final da tarde desta quarta-feira (3). De acordo com o advogado Hugo Albuquerque, estão indo para o IML para comprovar agressões sofridas. Ainda, ninguém vai ficar em prisão preventiva. “O flagrante foi relaxado integralmente para dois deles e para os dois outros a prisão preventiva não foi aplicada. Esses vão responder com cautelares, mas ninguém vai ser encaminhado à prisão”. Segundo explicou, as cautelares significam que ficarão proibidos de participar de determinados eventos, por exemplo. No entanto, segundo Hugo, a decisão da continuidade do processo depende do entendimento do Ministério Público.
De acordo com o advogado, os quatro foram vítimas de linchamento. “Foram atacados naquela ocasião e nas redes sociais nos últimos dois dias por grupos que proferem agressões xenofóbicas, o que contraria a democracia. Meus clientes não são agressores, eles são as vítimas verdadeiras. Esses grupos que os atacaram proferem contra o novo projeto de lei da imigração. Esses grupos que se colocam como vítimas estão fora do escopo democrático de qualquer polarização que possa haver dentro da democracia”, concluiu em entrevista à imprensa após liberação dos clientes.
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