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BRASIL

GREVE GERAL: A luta dos trabalhadores contra o avanço do projeto neoliberal

Por: Grupo de Estudos Marxistas – PSOL Itapema*

O ciclo do Golpe e a destruição do Estado Social

O golpe derradeiro contra o Estado Social está em curso no Brasil. O ideal do estado mínimo e da implantação da agenda neoliberal trazem consigo a destruição do estado de direito e da democracia. Os cortes nas políticas sociais e as contrarreformas estruturais na ordem social, carregam a retórica de que investimentos em áreas sociais são gastos supérfluos para a ordem econômica dos governos. O assalto à Previdência Social, a recém-aprovada terceirização irrestrita, a contrarreforma trabalhista e o possível fim do salário mínimo colocaram na pauta política popular debates que há muito pareciam razoavelmente pacificados.

O governo ilegítimo de Michel Temer – fruto de um golpe orquestrado pelos grandes capitalistas industriais, do agronegócio e da grande mídia, respaldados pela burguesia urbana – dita o ritmo da nova ordem política brasileira, que já se espraia pelos estados e municípios da nação. De modo geral, o discurso da “economia quebrada”, do Estado sem recursos, da necessidade de cortes de gastos e da “reforma administrativa” (que sempre corta do funcionalismo público, mas mantém o Estado inchado pelos acordos eleitorais e apadrinhamentos políticos) virou “retórica única” da política capitalista em nosso país.

A reforma do Ensino Médio, a intenção de se forçar o início da vida laboral aos 16 anos, os debates sobre o aumento da carga horária semanal de trabalho e o crescente mantra acerca da redução da maioridade penal demonstram que, para além do debate econômico, o golpe traz consigo a intenção de instaurar um novo arranjo social: o esvaziamento da resistência popular e a ampliação do exército de reserva do capitalismo.

A Greve Geral como ferramenta de luta da classe trabalhadora

No dia 28 de abri,l as ruas do país foram tomadas pela classe trabalhadora, que se organizou em uma massiva Greve Geral, a primeira em 30 anos, para dar uma resposta a esta conjuntura. Milhões de trabalhadoras e trabalhadores foram às ruas para lutar contra o avanço das propostas neoliberais do governo ilegítimo de Michel Temer em um dos maiores atos do movimento operário brasileiro. Nas capitais e em diversas cidades do interior, houve expressivos atos organizados pelas centrais sindicais, movimentos estudantis, populares e religiosos e partidos de esquerda, com ampla adesão popular. A principal característica deste movimento grevista foi a unificação política entre as diversas centrais sindicais na luta contra a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e a Lei das Terceirizações.

Na cidade de Itajaí (SC), a presença massiva de trabalhadoras e trabalhadores nas ruas garantiu a realização de um dos maiores atos da história da região do Vale do Itajaí e Costa Esmeralda com cerca de 1500 pessoas de diversos movimentos, centrais sindicais e organizações políticas de esquerda, tendo como eixo mobilizador a luta contra os ataques neoliberais e o governo golpista de Temer. O ato regional de Itajaí contou com a participação de diversos movimentos de outras cidades da região, como Itapema, Balneário Camboriú e Navegantes, que participaram ativamente do processo de organização da greve e mobilizaram politicamente suas bases.

Organização da classe trabalhadora: construção de uma alternativa de poder político

A greve do dia 28 de abril delimita uma nova etapa no ascenso da organização da classe trabalhadora. Os milhões de trabalhadores e trabalhadoras que estiveram nas ruas para protestar contra Temer e suas contrarreformas começam a perceber que somente a luta e a união da classe podem derrotar os projetos neoliberais. A Greve Geral foi a ferramenta para unificar os trabalhadores e para fazer avançar a consciência de classe.

A classe trabalhadora começa a tomar consciência de que somente a luta por um governo socialista dos trabalhadores, que exproprie a propriedade privada, que socialize os meios de produção e supere a democracia eleitoral burguesa é capaz de acabar com as injustiças e a exploração do sistema capitalista. A estatização do sistema financeiro, a reforma agrária e a destruição do parlamento que só serve aos burgueses está na ordem do dia. A organização de uma alternativa dos trabalhadores e das trabalhadoras que tenha como principal característica a construção de conselhos democráticos e populares deve ser a marca fundamental de um governo democrático e socialista.

Neste sentido, é papel essencial dos socialistas disputar a consciência de classe para este projeto, ultrapassando a visão neorreformista que tem nas eleições burguesas a via de superação das injustiças sociais e “salvação nacional”.

Contra os planos de “salvação nacional” da burguesia!

Contra o discurso neorreformista e as alianças com partidos burgueses!

Pela retomada da perspectiva revolucionária!

Pela construção de um governo socialista dos trabalhadores!

*A matéria reflete a opinião do autor e não necessariamente condiz com a opinião do Esquerda Online