Movimento organiza campanha pela liberdade de Rafael Braga

Foto: Campanha pela liberdade de Rafael Braga | Reprodução Facebook

Da Redação

O catador de latinhas Rafael Braga, que se tornou símbolo do racismo institucional após ter sido preso por portar uma lata de pinho sol em protesto de junho de 2013, foi condenado a 11 anos de prisão nesta quinta-feira (20), acusado de tráfico de drogas, de acordo com sentença do juiz Ricardo Coronha Pinheiro. Decisão motivou contestação de pessoas e movimentos. No Rio de Janeiro, uma reunião está sendo convocada para esta terça-feira (25), na Praça Cinelândia, às 19h, no sentido de intensificar a campanha pela liberdade e em protesto à decisão da Justiça do Rio contra o morador de rua.

“As reuniões da Campanha sempre foram abertas e públicas, mas fazemos um chamado para unirmos mais forças nessa luta neste momento crítico”, descreve o evento nas redes sociais que chama a reunião.

De acordo com a descrição, o grupo vinha pensando na realização de um ato antes mesmo da decisão. “A sentença saiu antes do que esperávamos. Havíamos puxado algumas atividades para acumular forças para um ato, porém a porrada veio antes do previsto”, relata.

Além do pedido de liberdade, está sendo organizada uma campanha para ajudar a família e o próprio Rafael Braga na prisão.

“Amigos e amigas, pedimos que quem for na terça-feira e tiver condições, para levar 1Kg de alimento não perecível”, pede mensagem que circula pelas redes sociais.

Entenda
Sentença do juiz Ricardo Coronha Pinheiro, publicada na 39ª Vara Criminal e disponível no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (20), condenou Rafael Braga Vieira, jovem negro e morador de rua, conhecido por ter sido preso nos protestos de junho de 2013 por portar uma garrafa de Pinho Sol, a 11 anos e três meses de reclusão, além de pagamento de R$1.687. A acusação é de tráfico de drogas por o catador de latinhas ter sido supostamente encontrado com 0.6g de maconha e 9,3g de cocaína, além de um rojão. Rafael nega as acusações. Segundo ele, houve um flagrante forçado contra ele na comunidade de Vila Cruzeiro.

Rafael passou pelo menos dois anos preso em regime fechado, até 2015, quando teve prisão relaxada. O fato motivou inúmeros protestos pelo país que faziam referência à injusta prisão do catador de latinhas. Pela liberdade de “Rafael Braga” e “Cadê o Amarildo?” foram alguns dos recentes símbolos do trato racista da justiça brasileira contra negros moradores das favelas.

Rafael foi preso durante um protesto, em 20 de junho de 2013, por estar portanto uma garrafa de pinho sol. Segundo ele, à época, nem mesmo estaria participando da manifestação. Segundo contou à imprensa, estaria voltando para uma casa na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, lugar onde guardava materiais para trabalho, quando foi abordado por policiais. Na ocasião, estava com duas garrafas na mão que tinha acabado de pegar na casa, o policial teria pego uma delas, dado um tapa em seu rosto e o levado até um quartinho na delegacia. Em seguida, a garrafa estaria com gasolina, álcool e um pano, caracterizando um molotov, o que o incriminou.

A ação da prisão e a demora pela soltura são questionadas até hoje pelo tratamento diferenciado envolvendo casos similares com jovens brancos, ricos, ou de classe média.

Da mesma forma, os motivos alegados para a segunda condenação, anunciada nesta quinta. “Em 2007, um jovem de 18 anos que foi preso em Nova Friburgo (RJ) portando 25 g de maconha declarou-se usuário, teve a prisão preventiva decretada por tráfico, mas “foi solto um dia depois, com a ajuda do pai que conhecia uma juíza”, de acordo com matéria publicada pelo G1 em 2015“, lembra matéria do Ponte – direitos humanos, justiça e segurança pública.

Saiba Mais

http://esquerdaonline.com.br.br/2017/04/21/rafael-braga-simbolo-do-racismo-institucional-e-condenado-a-11-anos-de-prisao/

http://esquerdaonline.com.br.br/2017/04/22/a-condenacao-de-rafael-braga-e-o-racismo-institucional-brasileiro/

Foto: Campanha pela liberdade de Rafael Braga | Reprodução Facebook