Editorial 24 de abril
O povo brasileiro tem uma história. Muitas vezes, ignorada nos livros didáticos. A burguesia conta a sua a partir da sua perspectiva de classe dominante. Privilegia seus nomes, seus heróis, suas façanhas.
Para eles, tudo começou com Pedro Alvares Cabral e o descobrimento do Brasil. Para nós, tudo começa com a luta dos índios contra a violência colonizadora, seguida por 400 anos de resistência à escravidão. O Quilombo dos Palmares, a revolta dos Malês e muitas outras revoltas foram protagonizadas contra a opressão da casa grande.
A classe trabalhadora brasileira é herdeira desse passado de luta. Pelo menos três vezes nos últimos 40 anos, nos deu provas de que quando se movimenta é capaz de fazer mover as rodas da história e se conectar aos profundos interesses do nosso povo.
Os movimentos grevistas do final dos anos 70 e anos 80, que derrotaram a ditadura civil-militar; o Fora Collor em 1992 e as mobilizações da juventude e do precariado em junho de 2013 são exemplos de um gigante adormecido, que quando se move é capaz de mudar a realidade brasileira.
Evidente que estamos em uma situação política de ofensiva da burguesia contra direitos históricos da classe trabalhadora. Nosso movimento é defensivo. Mas, para aqueles que acreditam na autodeterminação e organização independentes dos trabalhadores, a construção de uma greve geral sempre é um grande momento.
Nos últimos quarenta anos, foram quatro greves gerais: a primeira em 21 de julho de 1983, a segunda em 12 de dezembro de 1986, a terceira em 20 de agosto de 1987 e a mais importante delas nos dias 14 e 15 de março de 1989. Esta última, que tinha como reivindicação principal a reposição das perdas dos planos Cruzado e Verão, paralisou cerca de 35 milhões de trabalhadores, tornando-se o movimento de maior abrangência da década de 1980 e, também, a maior greve geral do país. Tivemos, ainda, dias chamados como greves gerais em 1991 e 1996, mas que não tiveram a força do movimento dos anos 80.
Devemos jogar todas as nossas fichas nesse movimento. As informações que chegam é de que teremos um dia de greve muito forte do Norte ao Sul do país. Na cidade mais importante do Brasil, São Paulo, tudo indica que o metrô, trem e os ônibus não vão funcionar.
O governo de Michel Temer (PMDB), em contrapartida, prepara para os próximos dias a votação da Reforma Trabalhista e da Previdência. O presidente e esse Congresso de corruptos não têm legitimidade, nem moral para votar nenhum desses ataques profundos aos direitos mais elementares do nosso povo. Não podemos deixar isso acontecer.
Estamos a quatro dias de uma data histórica. Agora é o momento de realizar assembleias e preparar a paralisação nos locais de trabalho e grandes vias urbanas, além dialogar com a população nas ruas e nas redes, pois a vocação da classe trabalhadora brasileira é unir seus interesses com as mais profundas necessidades do nosso povo.
Vamos para as ruas pelos direitos nossos e das próximas gerações. Essa será uma semana que entrará para a história do Brasil. Vamos batalhar para virar o jogo.
Foto: Esquerda Online
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