Por: Miguel Fruzen, de Volta Redonda, Rio de Janeiro
O primeiro movimento foi o bombardeio ao sanguinário ditador Bashar Al Assad, com 59 Tomahawks despejados na base militar de Shayrat. Por essa Putin não esperava! É que Putin posava de aliado á Trump, inclusive tentando melar a candidatura da antiga adversária dele, Hilary Clinton. Trump, por sua vez, nomeou para secretário de Estado Rex Tylerson, amigo pessoal de Putin e chefe executivo da Chevron, que por sinal quer recuperar os negócios com os gigantes siberianos do petróleo. É possível que a cúpula em Washington não esteja totalmente coesa. Tylerson continuou a afirmar que Putin é um parceiro. Esse ataque pode representar uma ruptura com o ritmo da política americana no Oriente Médio. De certa forma, Obama herdava uma “ressaca” do pântano de guerra no Iraque, e Trump dava sinais de não se envolver na guerra da Siria, deixando o aliado Putin cuidar do serviço sujo. Mas as crianças sírias sufocadas foram um prato cheio pra ligar a máquina de guerra americana e recuperar o prestígio Trump.
Dois dias depois, Trump dá ordem para que o porta-aviões Carl Vinson, que estava á caminho da Austrália, mude o curso e vá em direção á Península da Coréia junto a outros navios em resposta ás ameaças de Kim Jong-un. O secretário de Estado Rex Tylerson já havia deixado claro que a prioridade de Trump é interromper os projetos de mísseis nucleares da Coréia até o final de seu mandato. Mas não é só a Coréia e seus mísseis que estão em jogo. O país faz fronteira com a China e com a Rússia e um combate dessa magnitude certamente afetaria os dois países, já que a Coréia do Norte possui 30 reatores nucleares em funcionamento e a destruição destes seria catastrófico. Na guerra do Iraque, era comum os mísseis americanos caírem em países vizinhos. Se um míssel fosse lançado hoje contra Pyongyang, capital da Coréia do Norte, talvez a Rússia não esperasse pra ver onde ele iria cair.
No Brasil, esta semana tivemos uma serie de bombardeios, só que de forma mais inteligente. Uma espécie de “Soft Fire”: a Lava-Jato. A delação do fim do mundo incluiu todos os ex-presidentes e o atual Michel Temer, a maioria dos atuais ministros, empresários e políticos. Seu foco principal é justamente a maior empresa da América Latina: A Petrobrás. Essa empresa, parcialmente estatal, é dona da 4° maior reserva de petróleo do mundo, o Pré-sal. A conexão da Lava-Jato com Washington é bem conhecida e divulgada por uma infinidade de sites jornalísticos. As investigações paralisaram os projetos da empresa, provocaram a destruição de centenas de milhares de postos de trabalho, e com a ajuda da mídia tenta desgastar a imagem da empresa pra que a opinião pública seja a favor da privatização. As investigações são baseadas em delações premiadas sujeitas a todo tipo de acordos, inclusive com estrangeiros. A própria secretaria do Ministério Público Federal já admitiu publicamente que a Lava-Jato trabalha em cooperação com os EUA, o que seria ilegal. A estratégia da Lava-Jato e de Donald Trump vai ficando cada vez mais definida:
Privatizar a Petrobrás e tomar os campos do pré-sal sem métodos de partilha.
- Prender Lula e a partir daí iniciar uma campanha de ataque contra toda a esquerda brasileira, sindicatos e centrais sindicais. Já apareceram delações contra a CUT e Força Sindical.
- Derrubar os principais burgueses brasileiros donos de empresas brasileiras com negócios internacionais, como Odebrecht, Queiros Galvão, Friboi e a CSN de Benjamim Steinbruch, que já aparece na lista.
- A partir da crise em todas as instancias da política e da inexistência do grande poder de mobilização que o PT tinha na década de 80, realizar uma modificação na constituição de 1988, modificar todas as relações trabalhistas e o regime democrático brasileiro.
Rússia, China e Brasil são peças chave no tabuleiro de Xadrez. A estratégia de Trump e particularmente da Lava-Jato no Brasil não estão totalmente claras, mas essa estratégia existe! Do outro lado do tabuleiro estão os trabalhadores e suas organizações. Os protestos em solo Americano já começaram, nas eleições da França a Frente de Esquerda pode derrotar a extrema-direita, e dia 28 de abril pode ser deflagrada uma greve geral no Brasil. As peças estão se movimentando. A unidade nacional e internacional dos trabalhadores pode decidir a sorte do jogo e dos combates. Boas lutas! E Boa Sorte!
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