Qual é o pacto de que precisamos?
Publicado em: 14 de abril de 2017
O dia 28 de abril vai se aproximando e a perspectiva de um novo patamar de resistências às reformas de Temer vai canalizando os esforços de milhares de ativistas, em todo o país, para a preparação da greve geral. São diversas categorias e movimentos sociais que vão organizando iniciativas nos locais de estudo, trabalho e moradia, com vistas a convergir por uma forte mobilização nacional contra Temer e o Congresso.
Esse processo de luta é atravessado pelos desdobramentos políticos de uma nova investida da Operação Lava Jato. Enquanto o impacto da chamada “lista do Fachin” ainda reverbera em Brasília, os mais distintos aparelhos ideológicos da classe dominante entram em contradição com seus próprios discursos pré-impeachment: Temer, Aécio, ministros e parlamentares da base do governo estão comprometidos. Que retumbante fracasso dos que diziam que iam “passar o Brasil a limpo”.
Mediante esses novos fatos, a abordagem da mídia corporativa dá mostras de que é sempre possível cavar mais fundo em matéria de hipocrisia. Quando a aura de moralidade do governo e do Congresso se dissipa, nem por um milímetro os grandes grupos de comunicação se afastam, do ponto de vista programático, dessa gente. É como se nos quisessem convencer de que esses senhores talvez não sejam mesmo tão honestos, mas estão seriamente empenhados em salvar a economia com suas reformas “tão urgentes quanto necessárias”.
Ironicamente, o fato de governistas e opositores, golpistas e golpeados, repousarem juntos na lama tem dado base a discursos – cada vez mais explícitos, diga-se de passagem – em prol de um acordo para, na linguagem cínica comum aos parlamentos, “salvar a política”. E na esteira desse tipo de intento, surge o rumor de que Lula, Temer e FHC estariam articulando um pacto com vistas à sobrevivência política para 2018.
Consta que o presidente de fato e os outros dois ex-mandatários estariam costurando, por meio de emissários, os seguintes termos: preserva-se Temer até 2018, garante-se Lula como candidato e formata-se uma reforma política em moldes tais que preservem os principais partidos do regime e neles concentre poderes.
É notável que a estratégia petista, materializada no slogan “Lula 2018”, tende por si só a alguma margem de conciliação. Reeditar um projeto de colaboração de classes, após o golpe parlamentar e as duras medidas de austeridade exigidas pela burguesia, só poderá ser possível caso Lula recomponha relações com ao menos um setor importante dos grandes empresários do país. Difícil imaginar é o que a classe trabalhadora teria a ganhar nesse cenário, quando de conjunto a classe dominante exige nada menos que décadas de retrocesso em matéria de direitos e garantias sociais.
O pacto de que precisamos é, portanto, de outra natureza e com atores sociais inteiramente distintos. É um acordo para uma luta sem tréguas contra este retrocesso, em que as forças da classe trabalhadora estejam comprometidas até o final com o emprego do máximo de suas energias na luta contra as reformas.
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
colunistas
O assassinato de Charlie Kirk foi um crime político
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo