Por: Moises Correa, de São Bernardo do Campo, SP
O último dia 31 de março de 2017 foi marcado por diversas manifestações pelo país, que tinham como pauta o fim do projeto de terceirização do trabalho e contra as reformas da Previdência e Trabalhista. Todos, projetos do governo Michel Temer.
Temer e seus aliados, percebendo a mobilização unificada d@s trabalhador@s, vêm mudando constantemente a agenda de votações dessas reformas no Congresso, ou seja, adiam as votações na tentativa de esfriar e desmobilizar @s trabalhador@s. Com isso, várias centrais sindicais e movimentos sociais se preparam para, no dia 28 de abril, ter um dia de greve geral no país e, por consequência, a greve geral por tempo irrestrito.
Inspirando-se nesses exemplos e nos professores do Estado de São Paulo, que ficaram em greve do dia 28 ao dia 31 de março, os estudantes da escola estadual Diplomata Sergio Vieira de Mello, em São Bernardo do Campo, realizaram um debate sobre esses projetos e, logo após, saíram em passeata pelas ruas do bairro demonstrando sua insatisfação.
Cerca de 80 estudantes se reuniram na porta da escola, localizada na Estrada dos Alvarengas, 4.100, bairro Assunção com cartazes e cartas abertas contra os projetos de Temer. Na porta da escola, o espaço foi livre para que professor@s e alunos pudessem expor seus pontos de vista, poemas foram lidos em forma de jogral e logo em seguida saíram em caminhada pelos bairros até chegarem na porta de outra escola estadual (E.E. Santa Olímpia) e convidarem outros estudantes para se juntarem ao movimento.
Nossa Equipe entrou em contato com uma das organizadoras do protesto, a estudante Brenda, que nos respondeu algumas perguntas.
EO – Quais foram os motivos que levaram vocês a organizar essa manifestação?
“ Decidimos fazer porque os estudantes ficaram sabendo da greve dos professor@s e, em apoio a greve eles começaram a faltar nas aulas, mas pensei que isso poderia nos prejudicar, pois na nossa escola poucos professores estavam em greve e meu medo era que os professores passassem lição e os estudantes que não estavam indo ficassem sem nota. Sendo assim, conversei com a Maria Érica (outra estudante) sobre essa ideia de nos manifestarmos e depois disso conversamos com outros estudantes e o sonho foi se tornando realidade aos poucos. ”
EO – Vocês se inspiraram em alguém ou em algum movimento estudantil?
“ A nossa maior inspiração foram os professores que estavam em greve, mas eu também pesquisei sobre movimentos estudantis que ocuparam as escolas em São Paulo no ano de 2015. ”
EO – Contra o que vocês estavam se manifestando?
“ Nós estávamos lutando contra a reforma da previdência, o projeto de terceirização, reforma trabalhista, reforma do ensino médio e também para que os estudantes da nossa escola tenham mais voz dentro da escola, pois não recebemos muito apoio. “
EO – Como foi o processo de construção do movimento dentro da escola?
“Foi muito tranquilo, pois no ano passado eu comecei a conscientizar meus colegas de escola sobre essas questões. Esse ano nós falamos com a diretora sobre a manifestação, e para nossa surpresa ela apoiou, mas mesmo que ela não tivesse “liberado” faríamos a manifestação do mesmo jeito. ”
EO – Houve apoio dos estudantes? Quantos?
“No começo faltava apoio, pois falei apenas com meus amigos e tínhamos medo da diretora, mas isso foi se espalhando e decidimos fazer assembleias nos horários do intervalo da escola e com isso conseguimos o apoio de mais de 120 estudantes em um abaixo assinado”.
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