Editorial 28 de março

A PEC 287, que altera as regras para a aposentadoria no Brasil, foi declarada indispensável por todos os meios de comunicação. Inúmeros analistas apresentaram números, contas complexas e uma forte ameaça: ou muda a previdência ou o déficit vai quebrar o Brasil.

A prioridade número um do presidente Michel Temer não conseguiu ganhar apoio popular. Não faltou esforço. O governo Temer aumentou em 106% os gastos com publicidade.

O Programa “Minuto da Previdência” chegou a ser retirado do ar por decisão judicial. Nove sindicatos do Rio Grande do Sul venceram uma ação popular, argumentando que a propaganda de Temer consistia em “mensagens que não trazem informação alguma, senão disseminam insegurança e medo na população, ao enfatizarem que os benefícios e as aposentadorias podem deixar de ser pagos caso a reforma proposta pelo Governo Federal não se concretize”.

A propaganda oficial foi cancelada. Mas, não faltaram defensores. A Reforma da Previdência foi apoiada diariamente pela grande mídia. Mas, o discurso do medo, da ameaça do déficit, da necessidade das reformas para retomada do crescimento não conseguiu o êxito esperado. A Reforma da Previdência está amplamente repudiada.

Os dados divulgados hoje pela Folha de São Paulo mostram o fracasso. Até mesmo os poucos manifestantes que foram para a rua neste domingo, dia 26, estão contra a reforma. Foi o fracasso do fracasso: 74,8% dos manifestantes verde e amarelos estão contra a PEC 287.

O Congresso Nacional já mostrou em muitos outros momentos sua afeição a propostas impopulares. Temer busca apoio entre os de cima, o seu forte nunca foi o apoio da população. Sua plateia são os 100 executivos da Conferência Nacional da Indústria para quem o presidente discursou há poucos dias. Afirmou categoricamente: “O futuro do Brasil depende de reformas”.

Temer perdeu o debate da Reforma da Previdência, não conseguiu ganhar apoio popular. O povo está contra. Isso, no entanto, não basta para derrubar a PEC 287. Será preciso mais. Neste dia 28 de abril a classe trabalhadora precisa parar o Brasil. Organize a greve no seu local de trabalho.

Foto: Lula Marques / AGPT