Por: Jéssica Boscolo, de Campinas, SP
No dia 23 de março aconteceu o debate ‘Governo Trump: Significados e Impactos’ organizado pelo centro acadêmico de filosofia e ciências humanas (CACH) da Unicamp. A mesa era composta pelos professores Alvaro Bianchi (do Departamento de Ciência Política do IFCH), Sebastião Velasco (do Departamento de Ciência Política do IFCH), Rachel Meneguello (do Departamento de Ciência Política do IFCH), por Odete Cristina (estudante da USP e militante da Faísca), Gabriel Casoni (da Coordenação nacional do #MAIS) e por Sâmia Bomfim (vereadora da cidade de São Paulo e militante do MES).
Alguns dos convidados discutiram um pouco do percurso histórico que Levou o candidato republicano Donald Trump ao poder, seus significados diante da ordem mundial, a posição que os Estados Unidos ocupa e também a relação da vitória de Trump com todo ascenso de candidatos de extrema direita em vários países da Europa e também seus expoentes, como Bolsonaro, no Brasil.
Como parte da discussão, o professor Sebastião Velasco argumentou ser necessário analisar a vitória de Trump, ainda que numa realidade muito distante da brasileira, já que os Estados Unidos ocupa um lugar importante na ordem mundial econômica e política e “tudo o que ocorre lá acaba por refletir de alguma forma em todos os outros países”, segundo afirmou.
Segundo Bianchi, a vitória de Trump e seu discurso de candidato da lei e da ordem é parte de uma virada conservadora no partido republicano. “Com discurso fascista, racista, machista, lgbtfóbico e xenofóbico a eleição de Donald Trump pode representar um teste de consolidação do estado autoritário e uma porta de entrada para políticos extremamente reacionários como ele”, disse.
Já Rachel Meneguello apontou que há um tempo as pautas das minorias já vinham sendo colocadas nas discussões políticas e conquistando avanços. Para Rachel, “o que vemos agora é uma reação contra esses avanços”.
Existiram algumas polêmicas e divergências entre os convidados do debate, uma delas se deu em torno da candidatura de Bernie Sanders. A estudante da USP Odete afirmou que apesar de Trump ser a cara mais conservadora do partido republicano, não foi possível enxergar nem mesmo no partido democrata com Hillary e Sanders, uma figura que representasse de fato uma saída política anticapitalista e anti-imperialista.
Já, a vereadora Sâmia Bonfim discordou, dizendo que apesar de não ser um candidato socialista, “Sanders apresentava um processo de tomada de consciência e de discussões progressistas”.
Gabriel Casoni, do MAIS, apontou, por sua vez, que a vitória de Trump demonstrou a “emergência de uma nova situação internacional e um giro à direita. E que esse giro leva ao acirramento da luta de classes”.
Ele, assim como Sâmia e Odete, destacaram que nesses processos é justamente a classe trabalhadora, e os setores mais oprimidos da sociedade que pagam seu preço. E, nesse sentido, apontaram para “a necessidade da superação do modelo político de conciliação de classes feito pelo PT”, segundo destacaram.
Para eles, se faz necessária a recuperação da esquerda a partir de um programa anticapitalista, apontando que o modelo de conciliação de classes e o modelo democrata conseguiu avançar em algumas pautas, mas que não rompe com o imperialismo e com a ordem mundial capitalista. De acordo com os dois debatedores, “são modelos incapazes de realizar mudanças estruturais” e que, por isso, seria preciso seguir avançando em busca de uma saída revolucionária, em aliança com a classe trabalhadora e os setores oprimidos, como as mulheres, os negros, as LGBTs e os imigrantes, que têm sido os responsáveis pelos levantes das lutas nos Estados Unidos e em vários outros países.
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