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EDITORIAL

Passado o 15M, é preciso marcar já uma nova data nacional de paralisações e mobilizações

EDITORIAL 21 DE MARÇO |

Diante da agenda de ataques do governo ilegítimo de Temer, temos insistido na necessária união de todas as forças da classe trabalhadora e dos oprimidos para a luta de resistência em defesa dos direitos dos trabalhadores e da juventude. Uma unidade na qual devem ter lugar todos os sindicatos, centrais, movimentos, coletivos, partidos de esquerda – ou seja, organizações dos mais diversos matizes ideológicos, em uma grande frente única para lutar da classe trabalhadora brasileira contra as reformas reacionárias do governo Temer(PMDB) apoiadas pelo legislativo, judiciário e grande mídia.

Ao mesmo tempo, temos enfatizado, também, a tarefa de construir – no interior dessa diversidade, e não separando-se dela – uma nova alternativa política dos trabalhadores, que supere o lulismo e o petismo ou, em uma palavra, o projeto de conciliação de classes. Cremos que, dessa forma, poderia emergir da luta contra Temer uma esquerda pautada pela independência de classe, sem as mesmas alianças e os mesmos erros do passado, precisamente os que possibilitaram a ascensão do bloco golpista liderado por Temer.

Todas essas grandiosas tarefas são, agora, reafirmadas pela existência de um fato novo na conjuntura do país. O dia nacional de lutas e paralisações, realizado no último dia 15 de março, levou a esperança de volta às ruas. A possibilidade de um avanço na resistência contra a reforma da previdência volta-se, agora, ao centro de nossas atenções.

Enquanto a mídia corporativa, aliada de primeira hora de Temer, minimizava conscientemente o impacto do 15M, Esquerda Online e outras mídias alternativas demonstraram nitidamente a força de uma mobilização nacional, que se estendeu das capitais a diversos municípios no interior do país. Foram cerca de 150 cidades com mobilizações , alcançando assim, todos os estados do país e o Distrito Federal.

Que a imprensa da burguesia, interessadíssima no fim da previdência, tenha tentado abafar a repercussão das grandes manifestações da semana passada não significa que o governo não ouviu o recado. O governo Temer e o poder legislativo estão cientes de que, de todo o seu pacote de maldades, a reforma da previdência é a medida mais impopular. Por isso, anteciparam outras votações, como a das terceirizações ou da cobrança de cursos em universidades públicas, buscando não polarizar o debate sobre a previdência com os movimentos sociais. Segue a luta, mais que nunca, na ordem do dia.

É hora de aproveitar a força demonstrada no 15M para retomar de vez a iniciativa e colocar o governo contra a parede. Ficou evidente que foi a unidade de centrais, sindicatos e entidades que destravou a mobilização e recuperou a confiança na luta em dezenas de categorias Brasil afora. Ao mesmo tempo, não foi ainda a última cartada. Nem todos os sindicatos pararam e os que o fizeram, na maioria dos casos, não imprimiram carga máxima na mobilização das bases. Foi um primeiro passo. Fundamental e vitorioso, mas um primeiro passo que, para não retroceder, depende de seguir adiante.

Consideramos que é urgente que as centrais sindicais marquem já um novo dia nacional de luta contra a reforma da previdência e que redobrem os esforços para uma mobilização ainda mais forte que a que vimos no 15M.

É possível, dessa maneira, seguir ampliando o movimento contra Temer e o Congresso, pavimentando o caminho para uma autêntica greve geral no Brasil. Mas é preciso dar esse novo passo já, pois a inércia favorece ao governo – e não aos trabalhadores.