Por: Altobelly Rosa, de Belém, PA
Nos dias 21 e 23 de março estarão sentados no banco dos réus dois dos acusados de participarem da chacina da Terra Firme. O cabo reformado da PM Otacílio José Queiroz Gonçalves “Cilinho” irá a júri popular por ter em suas mãos o sangue do jovem Felipe Galúcio Chaves. Pela morte de Nadson Costa, José Augusto da Silva Costa, o “Zé da moto”, encará o júri popular.
Infelizmente, a conta não fecha. Foram dez mortes naquela noite em três bairros de Belém. Nesta semana, apenas dois acusados serão julgados e por duas mortes. Os vídeos divulgados nas redes sociais durante a chacina mostravam dezenas de homens em carros e motos trafegando pelas ruas das periferias de Belém.
A investigação, ou mesmo o indiciamento desses homens não pararam o extermínio da juventude negra em Belém. O carro preto e o carro prata continuam promovendo uma matança na periferia da cidade das mangueiras diariamente. As milícias seguem agindo sem que haja qualquer ação do governo para cessar suas ações. E o poder público segue ignorando a possibilidade de existir uma organização por trás desses crimes.
Enquanto isso, a história se repete. Em 2009, após a morte de Paulo Sérgio Nepomuceno, cabo da Rotam, a polícia militar do Pará matou cinco pessoas (o número pode ser maior) no Curuçambá/Paar. No ano de 2011, seis jovens ajoelharam para a morte, na terceira rua em Icoaraci. As mortes de 2014 ocorreram depois da morte do “Cabo Peti”, que estava afastado de suas funções de policial. Em janeiro desse ano, o policial Rafael da Silva teve sua vida ceifada num assalto. Logo após esse fato, 35 pessoas foram assassinadas nas periferias de Belém. O Pará virou destaque nacional de forma negativa.
São muitas mortes e poucos culpados. O extermínio segue sem que hajam punições, com exceção do caso de Icoaraci, onde o ex policial militar Rosivan Moraes Almeida foi condenado a 120 anos. Mas, esses casos mostram que há um certo padrão e aumentam e muito a suspeita sobre a ação de grupos de extermínio em Belém e na região metropolitana.
Contra o extermínio da juventude negra há um ato convocado nesses dias na frente do fórum para exigir que os culpados sejam punidos. Os movimentos sociais se reunirão para exigir os fim das milícias, investigações mais rigorosas sobre a morte dos jovens nas periferias de Belém e para negritar para o governo do Estado do Pará que “vidas negras importam”.
Foto: Reprodução Globo.
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