Editorial de 07 de março,
A economia brasileira desabou 3,6% em 2016, segundo divulgou o IBGE nesta terça-feira (7). Foi o segundo ano seguido de queda. Em 2015, a economia havia encolhido 3,8%. Trata-se da mais longa recessão registrada pelo instituto, que iniciou as pesquisas em 1946. Confirma-se, assim, a pior crise econômica nacional desde 1930.
O encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas produzidas – foi generalizado em todos os segmentos econômicos. A agropecuária liderou o tombo (-6,6%), seguida da indústria (-3,8%) e serviços (-2,7 %). Os investimentos, calculados pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), despencaram pelo terceiro ano seguido, registrando queda de 10,2% em 2016.
No quarto trimestre do ano passado, o recuo do PIB foi de 0,9% em relação aos três meses anteriores. Desse modo, acumulam-se oito trimestres seguidos de recessão. Os resultados confirmam o diagnóstico de uma economia fortemente deprimida. Uma verdadeira devastação capitalista está a devorar empregos, salários, pequenos negócios e a renda das famílias trabalhadoras.
Ajuste neoliberal explica o tamanho da crise
Quando Dilma Rousseff (PT), depois das eleições de outubro de 2014, abandonou as promessas de campanha e iniciou a aplicação do brutal ‘ajuste fiscal’, via a nomeação de Joaquim Levy, a economia entrou em queda acelerada. Cortes nos gastos públicos, retirada de direitos, aumento dos juros e outras maldades foram deixando um rastro de destruição, sobretudo para os mais pobres.
Após o golpe parlamentar que colocou Michel Temer (PMDB) no governo, o ritmo e a intensidade dos ataques se elevaram a níveis impensáveis. Em nome da “responsabilidade fiscal”, ocorreu justamente o inverso: déficit fiscal da União pulou de R$ 17 bilhões em 2014 para R$154 bilhões em 2016.
Em realidade, o objetivo do “ajuste” nunca foi resolver o déficit do governo, mas sim retirar direitos dos trabalhadores e cortar gastos sociais, de modo aumentar os lucros dos grandes empresários e a remuneração dos banqueiros e especuladores da dívida pública.
Por isso, nesse momento, estão na mira os direitos previdenciários, trabalhistas e sociais. Querem o fim de direitos históricos da classe trabalhadora e do povo brasileiro para deixar os ricos ainda mais ricos.
A economia em 2017
O ministro da Fazenda Henrique Meirelles e diversos economistas de mercado estão afirmando “que o pior ficou para trás”. Segundo eles, a economia voltará a crescer em 2017. Espera-se uma alta do PIB de 0,5% nesse ano, ou seja, um crescimento anêmico.
Ainda que as melhores previsões do governo se confirmem, do ponto de vista da vida do povo trabalhador, dificilmente as coisas ficarão melhor. A fila por emprego segue crescendo ( chegou a 12,6% a taxa desemprego em fevereiro) , a renda do trabalhador segue caindo, e pior: nem mesmo os direitos básicos – aposentadoria, férias, 13º salários, etc. – estão assegurados no futuro próximo.
Por isso, agora, mais do que nunca, é hora de organizar a luta. É possível derrotar as contrarreformas de Temer e garantir direitos. A classe trabalhadora, o povo pobre e a juventude nas ruas, numa luta unificada, podem mudar o rumo do país. Neste sentido, ganha muita importância as mobilizações de 8 de março (dia internacional de luta das mulheres) e de 15 de março (dia nacional de paralisação contra a Reforma da Previdência).
Vamos às ruas! Fora Temer! Abaixo as Reformas da Previdência e Trabalhista! Nenhum direito a menos! Que os ricos paguem pela crise!
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