Por: Izabella Lourença e Daniel Wardil, de Belo Horizonte, MG
O dia internacional das mulheres está inspirado pela paralisação de milhares de trabalhadoras em todo o mundo. “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”, esse é o lema de diversos grupos feministas em mais de 40 países. A ideia é construir um feminismo para os 99% da sociedade, contra as grandes corporações e os exploradores. Um feminismo solidário e aliado às trabalhadoras e suas famílias.
No Brasil, diversas categorias adeririam ao chamado feminista de paralisar as atividades. As trabalhadoras, junto aos trabalhadores, da educação farão uma forte paralisação no dia 8 de março, que prepara o início da greve no dia 15 desse mesmo mês.
Em Belo Horizonte, vão parar não somente as(os) professoras(os), mas também as terceirizadas das escolas, junto aos seus companheiros do caixa escolar. O Sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras em educação da rede municipal (Sind-Rede/BH), convocou toda categoria para uma assembleia e, posteriormente, incorporação ao ato que haverá na cidade.
No ano passado, as(os) terceirizadas(os) protagonizaram uma luta importante contra a privatização da educação em BH e derrotaram a proposta do governo de criação da empresa paraestatal SSA (Serviço Social Autônomo) que demitiria todos os trabalhadores e afetaria a autonomia das escolas. A campanha salarial esse ano já contou com uma reunião que aglutinou 120 representantes do caixa escolar das escolas e mais de 500 representantes de toda a categoria.
A assembleia do dia 8 dará prosseguimento à campanha categoria e tratará, principalmente, da reforma da previdência e seus impactos na vida das mulheres. Para Maria das Dores, diretora do Sind-Rede/BH e cantineira da Escola Municipal Luiz Gatti, “se essa reforma passar, ninguém mais terá condições de se aposentar. E para as mulheres vai ser ainda mais difícil, porque nós trabalhamos mais. Além de sair de casa às 4h da manhã e voltar às 17h, quando chego ainda tenho que fazer o serviço de casa”.
Dorinha ressaltou ainda que ter um dia unificado de paralisação é importante porque a reforma da previdência vai afetar os trabalhadores de todo o Brasil, mas que é fundamental não perder de vista as reivindicações da categoria ao prefeito Alexandre Kalil: “Estamos parando não só pela reforma da previdência, mas também para conseguirmos nossas reivindicações, como reajuste salarial e aumento do ticket alimentação”.
As trabalhadoras terceirizadas são as mais afetadas pela exploração capitalista. Essa categoria, com composição racial majoritariamente negra, tem jornada semanal de 3 horas a mais e ganham 25% menos que o conjunto dos trabalhadores no Brasil, segundo estudos do Dieese. A greve geral da educação que se inicia no dia 15 de março precisa se expandir para todos os trabalhadores que serão afetados pela reforma da previdência e levantar com destaque a bandeira das trabalhadoras terceirizadas que, mais uma vez, serão as mais prejudicadas e terão suas expectativas de vida ainda mais reduzidas.
NENHUMA TERCEIRIZADA A MENOS! NENHUM DIREITO A MENOS!
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