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EDITORIAL

Governo Temer inicia a ofensiva para aprovar Reforma da Previdência

03/02/2017- Brasília, DF, BRasil-O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante reunião. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

EDITORIAL 4 DE MARÇO |

Começou o mês de março e, com isso, uma batalha de importantes proporções para as próximas gerações de brasileiros. O plano do governo Temer é aprovar a Reforma da Previdência entre a segunda quinzena de abril e o início de maio. O primeiro passo é coesionar a base aliada e passar a reforma na comissão especial que avalia o projeto até o final de março.

O compromisso de Temer com a pauta do ajuste fiscal e das reformas foi a base da manobra parlamentar reacionária que o colocou no governo e tem apoio dos poderes Legislativo e Judiciário.  A aliança que sustenta o governo, formada pela grande burguesia brasileira e os setores mais privilegiados das classes médias exige a aprovação rápida dos projetos. Esse é o papel que deve cumprir Temer, não importa sua popularidade. Essa é a pressão diária que existe sobre Temer até o momento e que exige ação firme e rápida.

O depoimento de Marcelo Odebrecht para o processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE pressiona ainda mais o governo para avançar na concretização do seu projeto de ajustes e reformas.

O governo começou, nesta sexta-feira (03), uma nova ofensiva sobre a base aliada no Congresso e a população em geral. O PMDB, em suas redes sociais, começou uma campanha com forte apelo de chantagem, colocando sobre risco os programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o FIES, caso a Reforma da Previdência não seja aprovada. O governo vai aumentar a campanha já existente na televisão, jornais, aeroportos, defendendo o plano de reformas como a saída para a crise.

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Henrique Meirelles, ministro da economia e articulador das reformas, recebeu em seu gabinete uma comitiva da Câmara dos Deputados, liderada por Rodrigo Maia (DEM). O Presidente da Câmara dos Deputados, depois de uma audiência de duas horas com o homem forte do mercado financeiro no governo, saiu convencido do projeto de reforma de Temer. Nada podia ser mais cômico .

A audiência, na verdade, foi um ato político organizado pela tropa de choque do governo na comissão especial que avalia a proposta de emenda constitucional e buscava sinalizar a base aliada de Temer que o foco do governo é a aprovação imediata da reforma.

A combinação de um governo golpista e um Congresso corrupto teve como resultado imediato declarações das lideranças do governo de que não será tolerado indisciplina da base aliada. Caso um parlamentar ou partido da base do governo vote contra a reforma perderá imediatamente seus cargos no governo. Vamos presenciar em Brasília, no próximo mês, os famosos esquemas de negociatas de cargos e fatias no orçamento para garantir a aprovação da reforma. Não podemos esperar nada diferente de um Congresso Nacional que já aprovou a PEC do Teto dos Gastos e o Impeachment e que não tem nenhum compromisso com os interesses do nosso povo.

Transformar a indignação em ação: o desafio para os meses de março e abril

Presenciamos, como poucas vezes, um Carnaval durante o qual um dos temas mais falados no Brasil foi a palavra de ordem “Fora Temer”.

O ódio ao governo Temer é majoritário na imensa maioria da população brasileira, como tem sinalizado todas as pesquisas de opinião. A visão de que um governo impopular como Temer é frágil, podemos dizer, sem dúvidas, que é um espelho distorcido da realidade. Leva em consideração apenas os índices de popularidade que é uma parte da análise sobre Temer, mas não o todo. Não podemos ignorar o significado da manobra parlamentar reacionária e o bloco social que dirigiu o impeachment de Dilma(PT) formado pela burguesia brasileira e os setores médios mais privilegiados. Essa é a força do atual projeto de reformas em curso e que está em uma ofensiva brutal contra os direitos dos trabalhadores.

A reação a essa ofensiva passa por transformar essa indignação contra Temer em ação. A força social que pode modificar esse processo político é o proletariado, sua organização e mobilização unitária contra os ataques do governo.

A unidade da classe trabalhadora e da juventude contra a Reforma da Previdência é a condição básica para conquistar a maioria da população contra a reforma e apostar na mobilização como única alternativa para barrar os ataques em curso.

Nos próximos dez dias, teremos duas manifestações que serão muito importantes para aferir o potencial de mobilização do proletariado. As manifestações do 8 de março, Dia Internacional da Mulher e do dia 15 de março, Dia Nacional de Luta Contra a Reforma da Previdência.

Devemos estar na linha de frente desse processo político, convocando em cada local de trabalho, construindo comitês de luta contra a reforma, preparando um plebiscito popular e organizando as próximas batalhas. Exigindo das centrais sindicais, partidos políticos e movimentos sociais que joguem todo o seu peso nessas mobilizações.

O exército de Temer e dos golpistas está em campo. É hora de entrar em cena a classe trabalhadora e a juventude, de forma independente e de maneira organizada. Esse é o desafio para os próximos dois meses. Isso que poderá barrar os planos de Temer e gerar a instabilidade que coloque em crise o governo.

 Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil