Publicado originalmente no site da Corrente Comunista Revolucionária do NPA, em 16/02/2017
Tradução de Antônio Renê de Melo
Este ano, o dia internacional dos direitos das mulheres tem tudo para ter uma dimensão política importante e se reencontrar com o melhor da tradição feminista: Enquanto que os meses que se passaram foram marcados pelo retorno das reivindicações feministas ao primeiro plano, uma greve geral das mulheres foi chamada para o dia 8 de março nos Estados Unidos, na França e em outros países.
A.Bronstein
A instauração de um dia de luta pela emancipação das mulheres é uma iniciativa das mulheres socialistas da Segunda Internacional que faziam parte de sua ala esquerda. Este ano, será igualmente o centenário deste dia da mulher em que as trabalhadoras da indústria têxtil de São Petersburgo saíram às ruas, logo seguidas de outras milhões de trabalhadoras e trabalhadores, acendendo a faísca da Revolução Russa de fevereiro, que iria mudar a história mundial. As vitórias obtidas pelas mulheres e a comunidade LGBT na Rússia nos primeiros anos que seguiram 1917 – legalizando o divórcio e o aborto, lutando incansavelmente contra a escravização de mulheres no seio da família tradicional, descriminalizando a homossexualidade e permitindo mudança de sexo nos passaportes… – Foram exemplos para todas as mulheres e as minorias gênero oprimidas em todo o mundo que lutaram e ainda lutam por sua emancipação.
Porque, se essas medidas foram as mais progressivas no que diz respeito aos direitos das mulheres (até à ascensão de Stalin ao poder e a reação que se seguiu), cem anos mais tarde, ainda existem todas as razões para lutar contra a exploração das classes dominantes e as opressões do sistema patriarcal. Por exemplo, 50% das mulheres trabalhadoras precarizadas e elas representam 70% da população mundial mais pobre; além disso, todos os dias no mundo existem cerca de mil estupros declarados (E o número real é pelo menos dez vezes superior).
Este ano, a questão dos direitos das mulheres voltou a ser o centro das atenções. Na Polônia, em particular, onde o acesso à interrupção voluntaria da gravidez – IVG, foi atacado e onde a mobilização das mulheres teve um apoio mundial, mas também nas esferas politicas institucionais, a nível mundial, em que os políticos reacionários foram particularmente expostos. Começando com a chegada do misógino Donald Trump ao poder, claro, e também na França onde o candidato a presidência François Fillon, para não citar outros, é um notório sexista, e aliado dos manifestantes contra o casamento homossexual (“Manif pour tous”) e outras correntes reacionárias. Porém, a resposta não demorou a chegar, e elas eram milhares a participar da Marcha das Mulheres) que ocorreu um dia após a posse do presidente Trump em todo o mundo.
É neste contexto altamente polarizado que surgiu um chamado à greve mundial das mulheres para o dia 8 de março. Particularmente assumido nos Estados Unidos, notadamente pelas organizadoras da Marcha das Mulheres, para quem se trata de realizar o dia dos direitos das mulheres… um dia sem as mulheres. A greve internacional das mulheres – assumida em nível nacional na França por sindicatos, como a Confederação Geral dos trabalhadores – CGT e o sindicato Solidaires – é uma maneira de mostrar ao mundo inteiro o papel central desempenhado pelas mulheres na produção, de levar a luta feminista para o campo económico, recordando que o modelo patriarcal está intimamente ligado ao sistema capitalista. Se trata também para os trabalhadores do mundo inteiro se juntarem ao movimento de greve e da luta pelos direitos das mulheres e apoiar, ao lado das trabalhadoras, as reivindicações delas! Trata-se de retomar os laços com o melhor da luta contra a exploração e a opressão. E se a luta feminista é uma luta diária, o dia 8 de março é também uma forma de provar a nossa força, golpeando todas juntas ao mesmo tempo!
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