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CULTURA

Mais um Carnaval

Por: Juliana Benício Xavier, de Belo Horizonte, MG.

O carnaval começou e eu ainda sou só uma sombra do que poderia ser, do que costumava ser nessa época do ano. 

Durante a semana vi um carro sendo arrombado, um “amigo” disse que insistiu porque mesmo eu tendo dito “não”, ele achou que no fundo eu queria. Assisti a um casal se beijando ao lado de uma mulher ensanguentada na calçada.

Minha irmã se abriu e me contou o quão sofrido para ela era ser chamada de “mancha preta e bozzo” durante a infância. 

Um grande amigo (esse sim, companheiro de uma vida) fugiu da solidão da transgenia afogando-se em uma bacia de pó branco, aquele que Criolo afirma desgraçar a vida de um bom rapaz. 

O que dilacera mesmo é o preconceito, a não aceitação do outro, é a realidade de uns terem muitos e tantos outros, tão pouco.

Um homem que eu amo, com quem tento construir uma relação pautada em liberdade, vai se fantasiar de Mário Bros no carnaval. Me pediu para ser a Peach, a personagem do jogo que, além de branca e loira, é uma princesa. Simplesmente não dá. Não consigo esquecer em que mundo estou.