Por: Silvia Ferraro, colunista do Esquerda Online
“O Ibirapuera
É o jardim do quintal
E o dólar dele
Paga o nosso mingau…”
Revoltante o vídeo produzido pelo Dória para vender São Paulo para os grandes investidores internacionais. Dória parece um agenciador, um corretor de imóveis, um traficante de territórios, menos um prefeito.
A concepção da cidade-negócio fica escancarada no vídeo. Tudo está à venda. Não são somente os equipamentos públicos, como o Mercado Municipal, o Ibirapuera, o Pacaembu, Interlagos e Anhembi. No vídeo, a cidade é vendida. Seus terminais de ônibus, suas pontes, suas ruas, seus cemitérios.
Na verdade, o que está sendo vendida também é a capacidade da cidade de São Paulo ser explorada. Implicitamente, a mão de obra paulistana está sendo também oferecida, mas acho que iria pegar mal se o Dória mostrasse os trabalhadores terceirizados que ganham salário mínimo, ou os dois milhões de desempregados como exército de reserva sendo oferecidos para serem superexplorados, afinal, uma cena dessas remeteria aos antigos mercados de escravos. Mas, a realidade é que a moderna escravidão oferece ao mercado mundial o custo mais baixo de trabalhadores, e “a carne mais barata do mercado continua sendo a carne negra”.
Dória não mostrou em seu filminho, as periferias com esgoto a céu aberto, a quantidade de homens, mulheres e crianças em situação de rua, a fome que está doendo nos estômagos das famílias que estão com vários membros desempregados, ou no emprego informal. Sim! A cidade apresentada como “rica, linda, limpa” e “branca”, com uma estética “coxinha”, que escondeu seus pixos e grafites e seu povo preto e pobre, é a cidade que tem gente passando fome.
As privatizações são apresentadas como a grande saída para a crise e infelizmente acabam ganhando uma parte da opinião pública. Mas a verdade é que desde a década de 90, em que grandes empresas estatais foram vendidas, o Brasil ficou mais dependente dos países imperialistas e dos investidores internacionais.
Dória foi ousado ao fazer este vídeo vendendo São Paulo. Se apoia na popularidade conquistada com o seu marketing tanto nas eleições, quanto nas inúmeras fantasias e factoides neste início de mandato. A São Paulo anunciada para ser comprada também não deixa de ser uma cidade fantasia atrativa para os “gringos”. Mas imagens e factoides não duram pra sempre.
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