O perigo das Forças Armadas nas ruas
Publicado em: 14 de fevereiro de 2017
EDITORIAL 14 DE FEVEREIRO | O Diário Oficial da União (DOU) publicou, nesta terça-feira (14), o decreto do governo federal que autoriza o uso das Forças Armadas “para a garantia da lei e da ordem na região metropolitana do Rio de Janeiro”. A ordem expedida por Michel Temer (PMDB) atende ao apelo do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).
A autorização do envio de tropas militares para o Rio é parte de uma ameaça maior. Na segunda-feira (13), ao mencionar a greve dos policiais do Espírito Santo, Temer disse que “o governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro”.
A gravidade da situação não pode ser ignorada ou subestimada. Nesse momento, o emprego das Forças Armadas tem como objetivo intimidar e reprimir mobilizações que se enfrentam com o ajuste neoliberal em curso.
As ações dos policiais insubordinados, que reivindicam o pagamento de salários e direitos, entram em choque direto com os planos dos governantes. A essas greves se somam as manifestações de servidores públicos contra privatizações, pelo fim dos cortes e atrasos de salários, entre outras demandas legítimas. No horizonte próximo, se vislumbra fortes mobilizações contra a Reforma da Previdência.
Não foi por acaso que Pezão destacou, em seu pedido de envio das Forças Armadas, a necessidade da ação dos militares no entorno da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) “durante o período de votação da cessão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) e outras medidas de interesse do governo do Estado, que se inicia em 14 de fevereiro”.
No mesmo dia em que anunciou a disposição de utilizar os militares para combater “qualquer hipótese de desordem”, Temer apresentou também um projeto de lei que visa “regulamentar” o direito de greve . Assustado com a movimentação dos policiais e ante a possibilidade de greves contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, o governo federal quer sufocar o direito dos trabalhadores de lutar.
Mais autoritarismo e repressão para aprovar o “ajuste”
A economia brasileira afundou nos últimos três anos e segue em baixa. O desemprego ampliado já atinge mais de 20 milhões de pessoas. A renda média das famílias trabalhadoras não para de cair. Os serviços públicos estão em estado de colapso e muitos funcionários públicos estão sem receber. O chamado “ajuste fiscal” só faz ampliar a recessão econômica e aprofundar os déficits das contas públicas.
O objetivo da classe dominante é aproveitar o contexto de crise para tirar direitos históricos da classe trabalhadora (direitos previdenciários, trabalhistas, etc.) e enxugar o Estado por meio da destruição dos serviços públicos.
Por outro lado, o descontentamento social com a situação do país só aumenta. A luta dos servidores e dos policiais é um exemplo de que os trabalhadores têm condições de reagir em defesa de seus direitos.
Diante do quadro de instabilidade, os governantes começam a aumentar a repressão e praticam todo tipo de autoritarismo. Por isso, Temer autoriza o envio de tropas das Forças Armadas para o Rio e o Espírito Santo, assim como anuncia a tentativa de restringir o direito de greve.
A situação que nos deparamos, repetimos uma vez mais, é grave. É inadmissível que voltemos aos tempos sombrios em que as manifestações populares e greves de trabalhadores eram tratadas com tanques e fuzis.
A defesa dos direitos democráticos assume enorme importância na presente conjuntura. O conjunto da esquerda e de todos os sinceros democratas desse país têm o dever de se pronunciar contra a presença das Forças Armadas nas ruas. O povo trabalhador tem o direito de lutar pelos seus direitos!
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
colunistas
O assassinato de Charlie Kirk foi um crime político
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo