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MOVIMENTO

Plenária de petroleiros prepara chapa de oposição em Minas Gerais

Da Redação MG

Em meados de 2017, ocorrerão as eleições para a diretoria do Sindipetro-MG. Os petroleiros de Minas Gerais protagonizaram importantes greves contra os ataques dos governos e da direção da empresa, que visavam não apenas arrochar os salários e benefícios da categoria, mas também entregar cada vez mais as riquezas nacionais para empresários privados. A diretoria atual do sindicato, ligada à CUT e à FUP, demonstrou-se demasiado atrelada à direção da empresa, mesmo após a queda de Dilma, para estar à altura de conduzir a categoria ao nível de mobilização necessário para derrotar todos os ataques.

Por isso, os petroleiros mais ativos das greves e mobilizações dos últimos anos estão convocando uma plenária para unificar a categoria e renovar o sindicato. Pretendem montar uma chapa de oposição com um programa de independência e de luta nas eleições sindicais.

Veja, na íntegra, a nota que está sendo distribuída na Refinaria Gabriel Passos (REGAP):

“Plenária rumo a construção da chapa da oposição Com objetivo de construir democraticamente a chapa para mudar a diretoria do Sindipetro MG e organizar a luta nos próximos 3 anos, convocamos os petroleiros a estarem presentes na Plenária dia 14 de Fevereiro.

Os petroleiros de luta de Minas Gerais têm de entender que só conseguirão resistir aos ataques em curso, se eles mesmos se dispuserem a agir para mudar a diretoria do sindicato. Na plenária os petroleiros poderão propor: campanhas, bandeiras, propagandas, critérios de funcionamento, nomes para chapa, programas, formas de ajudar na eleição, etc.

Entendemos que para organizar a luta na próxima etapa com eficiência, temos que levar em conta a experiência do que aconteceu até aqui, a chapa deve ser construída pela base, ser apartidária e ser independente de governos, acionistas e gerentes.

Todos à plenária para construir e fortalecer a Chapa de Oposição!!!

Velhas soluções
O cenário mundial atual é de crise financeira. O Brasil atravessa uma das maiores crises financeira e institucional em sua história e como nos momentos anteriores, querem que os trabalhadores paguem a conta: desemprego recorde (ultrapassam os 12 milhões); corruptos a frente da política executando seus desmandos, aprovam PEC que congela investimentos em saúde e educação por 20 anos, aprovam a entrega dos últimos 30% do Pré-Sal e se empenham em fazer a Reforma da Previdência, entre tantos outros atos contra o trabalhador.

Na Petrobrás, o cenário vai além da visão. São colocados em prática de forma acelerada projetos de privatizações que tem sido preparados há anos. Entregaram a Liquigás, entregaram campos promissores no Pré-Sal (como o de Carcará), em curso, a negociação e a venda em participações em empresas do setor de biocombustíveis (Nova Fronteira Bionergia e Guarani). Estão na fila o controle da BR Distribuidora, FAFENs, Petrobrás Biocombustíveis, Complexo Petroquímico de Suape, a participação na Braskem, campos terrestres no CE, RN, SE, BA e ES, campos em águas rasas, participações em campos do Pré-Sal, refinarias, termelétricas e terminais de GNL. É o bota-fora do setor de petroquímico e de energia nacional.

A mídia dos ricos alardeia o déficit de R$ 16,1 bi na Petros, mas nada fala das dívidas da patrocinadora Petrobrás com o plano. Dívida relativa, por exemplo à contribuição sobre RMNR entre 2007 e 2011. Temos também a dívida com relação à aplicação do inciso IX do artigo 48 que responsabiliza a Petrobrás por insuficiências relativas ao crescimento real dos benefícios provocadas pelo reajuste dos mesmos através do artigo 41 do regulamento do plano. Entre outras denunciadas pelos Conselheiros Eleitos.

Na empresa, a cada dia, um equipamento apresenta algum problema expondo os trabalhadores ao risco. A solução da gerência é mandar peão colocar a camisa para dentro da calça, parar nas placas de PARE, mandar que carregue o PBO no bolso, e punir as vítimas deste quadro de “sanidade” (sistema de consequência)… Em paralelo temos que tal é o nível dos cortes de custos que, em diversos setores, os trabalhadores tiveram de fazer “vaquinha” para comprar máquinas de café.

Onde estão as direções dos trabalhadores?
Com exceção dos estudantes que, durante um período, apresentaram resistência, não se vê ninguém resistir, não ocorre nenhuma mobilização. A grande e poderosa CUT, com seus milhares de sindicatos e toda sua pomposa influência, não consegue, não quer, ou não pode (por algum motivo obscuro) organizar uma greve geral para barrar a entrega do país e dos direitos dos trabalhadores.

A diretoria do Sindipetro MG, seguindo a cartilha da FUP, assiste passivamente a entrega do país, se limitando a divulgar informações vagas em alguns boletins para base de MG. Sua total falta de habilidade em situações difíceis foi demonstrada na maior greve dos últimos anos, quando estávamos lutando contra a retirada de direitos, privatizações e punições em 2015. Ao invés de nos preparar para o enfrentamento e os assédios da empresa, vimos o esforço escancarado para acabar com a luta, protagonizando-se como grandes organizadores de derrotas.

Não bastasse o malfeito de 2015, em 2016 traíram a categoria em três momentos: primeiro, no movimento de hora-cheia contra o corte no transporte do trabalhador de turno da Regap; segundo no movimento de greves nos H1, onde se aliaram à gerencia para ameaçar o trabalhador; e terceiro, no movimento de Natal, em que nos incitaram à greve, mas, no fim, disseram que fariam apenas atrasos. Finalmente, em 2017, defenderam a aprovação do acordo com diversos itens em aberto, após o intenso desgaste (pela morosidade, traições e falta de atitude) a que submeteram a categoria.

Não nos preparamos… mas podemos resistir
Há anos, nós do Tocha alertamos que era necessário se preparar, que era necessário construir algo novo. Alertávamos para os desafios que se aproximavam e para o fato de que a direção atual não só, não estava preparada como desorganizava os trabalhadores. Agora, a história é outra, o que está colocado para os trabalhadores é optar entre resistir ou se entregar passivamente ao inimigo.

Apesar de muitos estarem atordoados com os ataques, devemos, no mínimo, aprender algo com os últimos anos. A maioria esmagadora dos trabalhadores brasileiros apostou num projeto que faliu. Acreditou que era possível um capitalismo humano, que era possível viver em “Paz e Amor” em alianças com figuras como Temer, Collor, Renan, Obama… Acreditou que os sindicatos estavam obtendo grandes avanços em suas alianças com o Governo, Patrão e Gerente.

A falácia deste projeto, agora é usada por todos os inimigos da classe trabalhadora que posam de bons moços, ao passo que ficam excitados com o silêncio de panelas que pararam de bater, com o “déficit” da Petrobrás (mesmo batendo recorde atrás de recorde), com aviões que caem, com o trabalhador que leva advertência, com o trabalhador que perde emprego, com o trabalhador que não se aposenta, que não tem direito a estudo, que não tem saúde, mas que paga impostos absurdos para arcar com os juros da dívida pública – que nunca foi sequer auditada.

Neste momento, o primeiro passo que temos que dar é construir uma chapa com lutadores, apoiada pelos trabalhadores da ativa e aposentados, que não se entregaram à corrupção.

DATA: 14 de fevereiro
HORÁRIO: 18h
LOCAL: Sind-Rede BH, Av. Amazonas, 491, 10º andar, Centro, Belo Horizonte”

Foto: Petrobras