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EDITORIAL

Crise e Segurança pública

A crise da segurança pública é uma realidade que atinge o conjunto da sociedade, mas atinge sobretudo a classe trabalhadora e as camadas populares que vivem nos bairros pobres e periféricos das cidades.

O medo da violência não é “coisa da classe média abastada”. Aqueles que não tem seguranças privados em suas ruas, nem sistemas de vigilância digital, são os mais atingidos. O medo de morrer, medo de ser agredido ou de perder um bem que custou muitas horas de trabalho é parte da vida do trabalhador comum. Ninguém quer viver o pesadelo que a população do Espírito Santo está passando.

A defesa da desmilitarização da Polícia Militar não significa em nada desprezo pela segurança pública. Muito pelo contrário. A Polícia de hoje não serve para segurança da maioria da população. É uma política violenta, preparada para a guerra, para o ataque e não para a defesa.

A PM é uma herança do regime anterior, da ditadura militar, não é apenas uma instituição reacionária do Estado capitalista, trata-se de uma instituição militarizada voltada para a repressão social, em particular para o extermínio da juventude negra e pobre.

Uma guerra inútil

A maioria das pessoas acredita que a polícia existe para defender o cidadão de bem e combater o bandido. É o que diz a grande mídia, as escolas, as igrejas, o governo e a família Bolsonaro.

Mas não é bem assim. A Polícia Militar vive numa guerra inútil, é a que mais mata e também a que mais morre. São números de guerra, de uma guerra interna não declarada.  Os números do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que entre 2011 e 2015 foram registrados no Brasil um número maior de mortes violentas (279.592 mortos) do que na guerra da Síria (256.124 mortos). No total, 54% eram jovens de 15 a 24 anos e 73% eram negros.

O programa de extrema direita que defende mais armamentos, penas mais severas, mais presídios e mais “liberdade para matar” apenas agravaria este dramático cenário. Esse modelo de segurança pública foi aplicado por décadas e o resultado foi: mais violência nas ruas, mais rebeliões nos presídios, mais mortos. Esta guerra é inútil e precisa acabar.

Afinal o que é desmilitarizar?

Desmilitarizar é, em primeiro lugar, acabar com essa lógica de guerra e criar uma polícia civil preparada para a defesa da população. Uma polícia eleita e controlada pela população. A subordinação ao exército precisa acabar, os exércitos são treinados para combater inimigos.

Não precisamos de um exército preparado para a repressão nas ruas e nas favelas. É hora de debater a desmilitarização e defender a criação de outro sistema de segurança pública. O modelo atual faliu.