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COLUNISTAS

Dois cenários para o futuro

Por Henrique Carneiro

Por: Henrique Carneiro, colunista do Esquerda Online

 

Hipótese otimista

 

Manifestações anti-Trump crescem e se tornam um movimento pelo seu impeachment. Um protesto sindical realiza a primeira greve geral efetiva na história dos Estados Unidos. Essa greve surge da proposta da greve das mulheres no dia 8 de março e se soma à ideia de um dia de paralisação de todos os latinos. O movimento atrai os imigrantes em geral e depois o movimento urbano e popular para tornar-se um protesto que, além da greve, leva às ruas milhões de pessoas.

 

O México, com sua economia em crise profunda devido à enorme diminuição de relações com os EUA, vive uma onda de protestos que se soma à crise nos Estados Unidos com a proposta de “vamos cruzar os braços dos dois lados do muro”, numa greve internacional.

 

A Europa, numa reação anti-Trump ,vê a esquerda do partido trabalhista inglês crescer, e na França, um aventureiro de esquerda, fora da estrutura do aparelho do PS, vence as eleições em que a candidata Le Pen nem sequer chega ao segundo turno. A rebelião na Romênia, depois de derrubar o governo, se espalha pelos Balcãs, levando ao Grexit, a ruptura da Grécia com o euro.

 

A guerra na Ucrânia se aprofunda, com um número crescente de vítimas, levando a irromperem em Moscou grandes manifestações pela paz obrigando Putin a uma retirada de tropas e a uma proposta de concessões para uma trégua duradoura.

 

Protestos populares em cidades latino-americanas questionam os ajustes fiscais e colocam em cheque os governos de plantão.

 

Hipótese pessimista

 

Trump declara guerra ao Irã. Boa parte de sua base social se entusiasma e cria movimentos de massa em apoio. As grandes cidades estadunidenses explodem em protestos, mas a economia cresce e o mercado aplaude os tambores de guerra. Os imigrantes continuam a ser atacados, mas não surge nenhuma iniciativa comum de resistência. Novos atentados brutais e mortíferos  do Estado Islâmico na Europa aumentam a paranoia anti-islâmica.

 

O México, numa crise econômica sem precedentes, vê o agravamento da disputa pelos mercados clandestinos de entorpecentes e cresce o poder das máfias, inclusive dentro dos partidos tradicionais que impedem a legalização das drogas, mesmo com a adoção da maconha legal na Califórnia.

 

A Europa assiste a vitória eleitoral da extrema-direita na França. Marine Le Pen se reúne com Putin e declara o surgimento de um novo eixo político e militar cristão e conservador que irá deter a decadência ocidental e a ameaça islâmica. Essas declarações são seguidas por terríveis atentados do Estado Islâmico na Europa, que conseguem ser cada vez mais cruéis, aleatórios e com multidões de mortos. A opinião pública de vários países é ganha pela proposta de uma nova guerra na Síria e no Iraque.

 

Ao lado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os Estados Unidos iniciam a terceira guerra do Iraque e ao mesmo tempo a da Síria.

 

Protestos na Rússia contra o envolvimento crescente do governo em duas guerras: na Síria e na Ucrânia, são reprimidos violentamente e sufocados.

Na América do Sul, novos políticos de partidos evangélicos chegam ao poder no Peru e no Brasil, misturando messianismo, ética do enriquecimento e da prosperidade com o favor de Deus com capitalismo do desastre, predação ambiental e cultura da vulgaridade.