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EDITORIAL

Eleições para presidências da Câmara e Senado: candidatos são muitos, mas vitória de Temer está garantida

Editorial 01 de fevereiro

Os Deputados e Senadores voltam ao trabalho nesta quarta-feira (1), depois das férias de fim de ano. O primeiro trabalho deles para 2017 será escolher os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

As previsões indicam a vitória do governo Temer e do projeto político que unifica a burguesia contra o povo. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE) são os favoritos para comandar a Câmara e o Senado e estão comprometidos em aprovar as reformas da Previdência, Trabalhista e demais ataques históricos aos direitos dos trabalhadores.

Estamos perante uma grande unidade dos “de cima”. O pacto contra os trabalhadores envolve o governo Temer , o Congresso Nacional e o STF, que estão unificados em aprovar o mais rápido possível as contra-reformas contra os trabalhadores.

Os parlamentares estão presos aos interesses dos grandes capitalistas. Nas eleições de 2014, quando ainda era permitido o financiamento de campanhas por empresas, é possível ver o grau de ligação dos candidatos favoritos às presidências do Senado e da Câmara com as grandes empresas envolvidas nos escândalos de corrupção.

Vejamos na Câmara dos Deputados. O favorito para ganhar a presidência é Rodrigo Maia. Ele trabalha para que as reformas da previdência e trabalhista sejam aprovadas até junho desse ano. A reforma da previdência vai obrigar o trabalhador a contribuir por 49 anos para ganhar aposentadoria integral. Os bancos já estão ganhando rios de dinheiro com o aumento da procura por planos de previdência privada que possam complementar a aposentadoria. Coincidência, ou não, o principal financiador de campanha do deputado é um banco. Na verdade, a maior parte de sua campanha foi financiada por empresas privadas. Elas vão aumentar os lucros se a reforma trabalhista defendida por Rodrigo Maia for aprovada, pois não serão obrigadas a respeitar direitos a jornada de oito horas.

E os outros candidatos? Rogério Rosso (PSD-DF) recebeu mais de R$ 470 mil de empresas privadas. Jovair Arantes (PTB-GO) teve quase toda sua campanha financiada por empresas privadas. Mais de R$ 500 mil foi de uma empresa de telecomunicação. Se eleito, Jovair pode liderar a votação do projeto de lei que limita a internet para os usuários. Esse projeto é de interesse das empresas de telecomunicação. Tanto Jovair Arantes, quanto Rogério Rosso são da base do governo Temer e apoiam as reformas trabalhista e previdenciária. Os dois são do chamado “centrão”, grupo criado por Eduardo Cunha para fazer negociatas na Câmara dos Deputados.

Também temos na disputa Júlio Delgado (PSB-MG), que recebeu dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, envolvida nos recentes escândalos de corrupção, e do Bradesco, maior banco privado do Brasil. E há a candidatura de André Figueiredo (PDT-CE) apoiada pelo PT, que recebeu dinheiro da Queiroz Galvão, empresa envolvida em escândalos de corrupção. Cabe ressaltar que o PT foi incapaz de organizar sequer uma oposição parlamentar. O plano da sua direção era apoiar Rodrigo Maia. Somente recuaram perante o desgaste e pressão que envolveu a militância de base petista.

Pelo menos seis candidatos concorrerão à vaga. A única verdadeiramente de oposição é a de Luiza Erundina (SP). Seu partido, o PSOL, anunciou na manhã desta desta quarta-feira (1º), que irá lançar a candidatura da deputada para a presidência da Câmara.

No Senado, a coisa não é diferente. O único candidato com chances de ganhar até agora é Eunício de Oliveira (PMDB-CE). Entre os R$ 50 milhões doados para sua campanha, R$ 4 milhões foi da OAS, outra empreiteira envolvida em corrupção. Eunício provavelmente vai liderar as votações das reformas trabalhista e previdenciária no Senado.

Como diz o ditado popular, “Quem paga a banda, escolhe a música”. As empresas não doam dinheiro para campanhas políticas por dever cívico. Elas querem a aprovação de projetos de lei que aumentem seus lucros. E a grande maioria do Congresso Nacional é formada por parlamentares que receberam verbas milionárias de empresas em suas campanhas.

A burguesia deu sustentação à Câmara dos Deputados para a realização do golpe institucional porque estava interessada na aprovação o mais rápido possível do ajuste fiscal e dos ataques a direitos. A estabilidade de Temer e do Congresso está vinculada a obedecer às ordens que o grande capital exige para aumentar os seus lucros, destruir as conquistas da Constituição de 88 e abaixar o custo do Brasil para colocar a crise nas costas dos trabalhadores.

É hora de virar o jogo
O inimigo está unificado. Temer, Legislativo, judiciário e a burguesia estão unidos. Vão vencer as eleições para as presidências do Congresso e da Câmara. Os setores mais abastados das classes médias defendem os ataques. Para enfrentar esse bloco social unificado nas contra-reformas é necessário a unidade da nossa classe. A direção petista e o PC do B apostam, no máximo, em uma oposição parlamentar. O PC do B, nesta terça-feira (31), inclusive divulgou nota oficial onde afirma manter diálogo com o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dando a entender um possível apoio ao candidato à reeleição. Não achamos que esse é o caminho possível para impedir que seja aprovado os ataques. Nossa aposta é na força da classe trabalhadora e da juventude.

Uma ampla frente única de todas os partidos e entidades dos movimentos sociais para enfrentar nas ruas esse governo e legislativo golpista e corrupto e a burguesia brasileira. Precisamos começar essa frente única unificando todas as forças políticas para mobilizar os trabalhadores em um grande dia nacional de lutas e paralisações em março.

Foto: Congresso Nacional Thiago Melo / Flickr