Editorial de 29 de janeiro,
Cerca de 200 pessoas foram barradas de entrar nos EUA neste sábado (28) nos principais aeroportos do país. A razão foi o decreto assinado na sexta-feira (27) por Donald Trump.
A medida impede a entrada de qualquer refugiado sírio de forma indefinida, outro golpe nos 5 milhões refugiados do país. Mesmo que apenas 13 mil sírios tenham sido admitidos no EUA em 2016 (em comparação com 35 mil no Canadá), o impacto será imenso pelas repercussões que terá em todos os países. As portas estão cada vez mais fechadas para as vítimas da guerra civil desfechada pelo regime de Assad.
Por outro lado, a medida proíbe a entrada por 90 dias de qualquer pessoa oriunda de 7 países de maioria muçulmana: Irã, Líbia, Iraque, Somália, Iêmen, Síria e Sudão. O decreto abre exceções para minorias religiosas perseguidas, o que é uma clara discriminação com critérios de crença religiosa.
A confusão gerada pelo caráter amplo do decreto levou que inclusive pessoas com “green-card” (residência permanente) que estavam retornando ao país tenham sido barradas. Calcula-se que haja 500 mil pessoas que possuem “green card” desses países. Inclusive foram barrados aqueles que tinham dupla nacionalidade que incluísse algum daqueles países listados, o que significa, por exemplo, canadenses ou cidadãos de países europeu.
Além disso, em vários aeroportos um número indeterminado de passageiros que se enquadravam nos critérios dos decretos foi impedido de embarcar.
A reação foi forte: houve manifestações nos principais aeroportos, com destaque para o JFK em Nova York, em que o funcionamento de um terminal chegou a ser interrompido. “No hate, no fear, refugees are welcome here” (Não ao ódio. não ao medo, os refugiados são bem-vindos aqui, em tradução livre), cantavam os manifestantes, que receberam o apoio dos taxistas. Houve protestos de inúmeras associações de defesa dos refugiados, sinagogas, parlamentares democratas e inclusive republicanos.
Na noite de sábado, um juiza federal do Brooklin, em Nova York, suspendeu temporariamente em todo o país a deportação de todos os portadores de vistos válidos dos países listados, sem se pronunciar, no entanto, sobre a constitucionalidade do decreto governamental. Outras medidas similares foram conseguidas em várias partes do país.
Aliadas às demais medidas anti-imigrantes, a batalha contra as medidas de Trump neste terreno começaram. Uma batalha dura, mas que certamente terá muitos episódios daqui para a frente. É preciso seguir adiante com a resistência!
Foto: Manifestação no aeroporto John F. Keneddy em Nova York no sábado. Créditos: Craig Ruttle/AP
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