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EDITORIAL

O país de Temer: 23 milhões de desempregados

Foto: Ádria de Souza/Pref.Olinda

EDITORIAL 23 DE JANEIRO | Dois anos de mergulho econômico e o desemprego não para de crescer. Os números são assustadores: milhões de famílias brasileiras encontram-se numa situação dramática. A taxa de desemprego ampliado está em 21,2%, de acordo com o estudo do Credit Suisse. Significa 23 milhões de brasileiros desempregados, ou subocupados.

Esta medida considera as pessoas que desistiram de procurar emprego, ou vivem de bico, além das que procuram e não encontram trabalho. Entre os 31 países pesquisados, o Brasil ficou na sexta posição no ranking, à frente de nações com renda per capita similar, como Turquia e México.

Os dados fornecidos pelo banco suíço revelam um quadro grave, muito pior que o exposto pelo índice oficial. Segundo o IBGE, o desemprego bateu em 11,8% em novembro de 2016. Para esse cálculo, o Instituto afere apenas os que procuram e não encontram emprego. Os trabalhadores em tempo parcial e aqueles que, pelo desalento, deixaram de procurar trabalho, não entram na conta.

O índice oficial do IBGE, portanto, subdimensiona os efeitos das demissões massivas ocorridas nos últimos anos. Muitos trabalhadores, ao não encontrarem trabalho formal, dedicam-se a empregos temporários precários, os chamados “bicos”. São motoristas do Uber, novos vendedores ambulantes, faxineiras, eletricistas, entre outras ocupações. Outros, depois de muito tentar, devido ao desânimo, abandonam por certo tempo a busca por emprego. Esse é o caso, por exemplo, de muitos jovens que moram na casa dos pais e, ou vivem da renda familiar.

Quando se compara a taxa de desemprego ampliado do Brasil com outros países, observa-se que o índice nacional está bem acima da média dos 31 países analisados, que é de 16,1%. O Brasil está atrás somente de países duramente afetados pela crise internacional: Grécia (31,2%), Espanha (29,75%), Itália (24,6%), Croácia (24,6%) e Chipre (23,8%).

Crise e resistência
Os números divulgados pelo Credit Suisse confirmam, uma vez mais, os efeitos nefastos da política econômica recessiva aplicada nos últimos anos, primeiro por Dilma Rousseff (PT) e agora por Michel Temer (PMDB). A classe trabalhadora está a pagar a conta da crise econômica.

E as perspectivas para 2017 não são melhores. Segundo analistas do mercado de trabalho, ainda que a economia pare de cair, o desemprego seguirá crescendo. Soma-se a esse cenário terrível o anúncio das Reformas da Previdência e Trabalhista, que retiram direitos históricos, e a brutal crise fiscal nos estados, que está deixando milhares de servidores públicos sem salário.

O governo Temer está decidido a sacrificar os trabalhadores em nome do lucro dos grandes empresários. A resistência é o único caminho. É preciso seguir o exemplo das mulheres e dos jovens americanos que, em defesa de seus direitos, tomaram as ruas contra o Trump no último sábado (21), numa das maiores manifestações da história dos EUA.

Temer e suas contrarreformas têm que cair. Que os ricos paguem pela crise.

Foto: Ádria de Souza/Pref.Olinda