Por: Isabela Pennini, Belo Horizonte, MG
Nesta quinta-feira (19) Jair Bolsonaro foi recebido no saguão do aeroporto de Confins por uma legião de fãs do deputado. No vídeo postado em sua página, ele afirma que havia “uma pequena recepção, nada programado”, quando, na verdade, o grupo Direita Minas já estava articulando o evento que contou com dezenas de pessoas e uma bateria.
O Direita Minas é o mesmo grupo que tentou forçar a reintegração de posse durante a ocupação da Escola Estadual Governador Milton Campos, também chamada de Estadual Central. O motivo da vinda do político foi a formatura de cerca de 1000 novos soldados da PM.
Aos gritos de “Mito!”, “Viva 64!” e “Chega de direitos humanos”, Bolsonaro foi ovacionado no aeroporto onde fez um pequeno discurso em que deixou clara sua intenção de se candidatar à presidência no ano que vem. “O que o Brasil precisa é de um capitão. Por coincidência, eu sou um capitão”, disse ele.
Militar da reserva, o deputado é formado na Academia Militar das Agulhas Negras e serviu como capitão no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, na década de 80. Nessa época, inclusive, chegou a ser preso por escrever um artigo para a Veja em que denunciava os salários baixos dos cadetes.
Sem dúvida, a vida no Serviço Militar contribuiu para sua guinada política à direita. Enquanto a esquerda chega à conclusão de que a legalização das drogas é a solução mais plausível para o complexo e imensurável problema do crime organizado e do tráfico no Brasil, grupos de extrema direita preferem acreditar que a solução é armar cada vez mais militares e civis, transformando favelas em cenários de guerra às drogas.
O perfil dos seguidores do Bolsonaro é um fenômeno digno de estudo. Pelo vídeo, nota-se uma impressionante quantidade de jovens, e parcelas consideráveis de mulheres e negros. A questão é que o político foi bem sucedido nos nichos onde escolheu atuar: o meio militar e o meio religioso. Suas afirmações racistas, machistas, homóficas são bastante controversas, além de cruéis, e dividem seus seguidores.
Mas seu discurso apaixonado que afronta abertamente a direita tradicional e o PT, que clama pelos valores conservadores e que exalta o trabalho da polícia como “os mocinhos contra os bandidos” é o que cativa essas pessoas, principalmente jovens de população de baixa renda que sonham em ascender em uma carreira militar.
O deputado oferece uma alternativa à direita da política tradicional do Brasil. A esquerda precisa se unir e apresentar uma alternativa à esquerda, que não cometa os mesmos erros que o PT cometeu. Bolsonaro é a alternativa que vem com apoio à tortura e hostilização contra mulheres, negros, LGBTs, indígenas e imigrantes. Nós somos seu oposto. Abraçamos as minorias e os oprimidos e oferecemos um projeto baseado na democracia e na decisão popular.
Fotos: Isabela Pennini
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