Gabriel Casoni, de São Paulo (SP)
A morte do ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), causou grande repercussão popular, política e midiática. Num cenário de crise política e econômica, o acontecimento trágico acendeu a chama da desconfiança.
Muitos estão convencidos que Teori foi assassinado como parte de um plano para brecar as investigações da operação Lava Jato. Outros, um pouco mais prudentes, levantam suspeitas sobre as causas do acidente, como é o caso do ex-ministro Joaquim Barbosa e do filho de Teori, Francisco Zavascki.
Porém, pelo menos até aqui, sem nenhuma evidência que indique a existência de crime, a discussão fica no terreno da especulação e dá asas às mais criativas teorias conspiratórias.
O fato é: a morte pode ou não ter sido intencional; os cenários estão abertos. É necessária investigação séria e independente do poder político.
Enquanto se investigam as causas do acidente, mais fácil e efetivo é pensar nas consequências políticas da morte; dado que esta, sim, é certa e incontornável.
A primeira delas surge como provável: a homologação da delação da Odebrecht vai atrasar e o processo da Lava Jato de conjunto no STF, que trata dos políticos com Foro privilegiado, deve ficar bem mais lento, ao menos por ora.
A presidente do STF, Carmén Lúcia, deve definir que o próprio Supremo indique o novo responsável pela Lava Jato na Corte, sem ter que esperar a nomeação do novo ministro pelo governo Temer.
É possível que a Lava Jato encontre mais dificuldades no próximo período. O objetivo principal – colaborar com o impeachment de Dilma e arrebentar com o PT – já foi cumprido. Ademais, o aprofundamento das investigações pode causar problemas ao governo e aos caciques do PSDB e PMDB (Aécio, Temer, Serra, Maia, Renan etc.) denunciados pela empreiteira corrupta.
A disputa pelos rumos da Lava Jato causa estremecimentos entre os principais agentes econômicos, políticos e institucionais. São muitos os conflitos e interesses envolvidos, e não há “mocinhos” nessa história.
De modo geral, a Operação parece já não contar com tanto suporte entre os de cima, que preferem que a Lava Jato perca protagonismo. Nesse momento, a burguesia está mais preocupada com as condições de estabilidade para a aprovação das contrarreformas Previdenciária e Trabalhista de Temer.
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