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BRASIL

Liberdade para Guilherme Boulos Já!

EDITORIAL 17 DE JANEIRO | Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi preso na manhã desta terça-feira (17). Isto representa uma afronta aos direitos democráticos e constituí mais um grave ato de criminalização dos movimentos sociais no Brasil.

Guilherme, no momento em que foi detido, buscava negociar com o comando da Polícia uma solução pacífica, para que fosse evitado o uso da violência contra 700 famílias que estavam sendo brutalmente despejadas de suas casas.

A prisão de Boulos é totalmente ilegal. A tropa de choque alegou desobediência e arbitrariamente citou a participação de Boulos em atos contra o Governo Temer como justificativa para detenção. E diz também ter horas de gravações dele em outras manifestações, mostrando clara perseguição política aos movimentos sociais.

A prisão significa um ataque ao conjunto dos movimentos sociais e da esquerda do país. E, por isso, exige a máxima unidade de todas as organizações sociais e políticas contra esse absurdo. A criminalização de dirigentes e dos movimentos é uma nítida tentativa de intimidação para que não haja a resistência necessária a todos os ataques que os trabalhadores e o povo pobre estão sofrendo.

O problema da moradia tem sido tratado como caso de polícia ao invés de ser visto como uma questão social. O terreno ocupado pelas famílias em São Mateus, na zona leste de São Paulo, estava há 40 anos abandonado. Era uma propriedade privada inútil, utilizada para fins de especulação imobiliária. As três mil pessoas que ocuparam o terreno nutriam o sonho de uma moradia digna. Cada tijolo assentado, cada móvel comprado, o esgoto que eles mesmos canalizaram, tudo isso foi destruído em nome do direito de propriedade abandonada, sem nenhuma função social.

O direito à moradia digna para toda população, direito básico que consta na Constituição do país, foi rasgado em nome da especulação imobiliária que enriquece alguns poucos, que vão acumulando terras e se valendo do poder do capital para mandar na cidade.

Os governos Doria, Alckmin e Temer têm responsabilidade direta, tanto na tragédia que está ocorrendo com as famílias quanto na prisão ilegal de Guilherme Boulos, e, portanto, devem ser denunciados e responsabilizados pelo ocorrido.

A liberdade imediata para Guilherme Boulos é essencial para a defesa do direito de lutar em tempos que os direitos mais elementares estão sendo pisoteados.

Não descansaremos até sua a soltura. Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!

Foto: MTST