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BRASIL

Carta de Integração do Coletivo Nada Será Como Antes ao #MAIS

“O futuro pertence àqueles que se preparam hoje para ele”.
Malcolm X

O Coletivo Nada Será Como Antes torna pública a sua integração à organização política #MAIS. Somos militantes que participam do movimento sindical, de juventude, popular e atuam no PSOL. Tivemos nossa militância dedicada muitos anos à corrente Liberdade Socialismo e Revolução (LSR), seção brasileira do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT), tendência do PSOL. Apesar de nossas divergências, somos muito gratos pela experiência militante e as conquistas realizadas. Estamos certos que permanecemos no mesmo lado da barricada, ainda que em organizações diferentes.

Acreditamos que as Jornadas de Junho de 2013 nos ensinaram duras lições. Vimos o quanto ainda pesa o legado do fim do socialismo no Leste Europeu e a experiência com o PT sobre os ombros da classe trabalhadora no Brasil. A desesperança em torno de um projeto de sociedade superior ao capitalismo e o descrédito em relação as entidades organizativas dos trabalhadores (sindicatos, movimentos sociais e partido) tornaram aqueles atos de massas de Junho um verdadeiro choque de realidade sobre a esquerda combativa.

Nossa pouca influência naquele momento nos mostrou, da pior forma, que precisamos nos dedicar mais ao trabalho de base nas favelas, nos locais de trabalho (formais e informais), entre a juventude, em todos os âmbitos onde houver classe trabalhadora. Além disso, temos a árdua tarefa de reerguer o ideal socialista e a necessidade de nos organizarmos de forma disciplinada para conquistar a superação do capitalismo. A difusão dos ideais socialistas, a formação política e de quadros são elementos a serem aprimorados dentro de um momento histórico em que os trabalhadores não se identificam com a tradição da esquerda brasileira.

A falta de unidade na esquerda foi outro elemento essencial da nossa dificuldade. É urgente a reorganização do movimento sindical e popular combativo de forma unitária, de modo que supere as entidades pelegas, sendo capaz de apresentar um plano de ação nacional de enfrentamento contra o capital. A ausência de uma Frente de Esquerda Socialista, que reúna os partidos, organizações e movimentos sociais combativos também se mostrou um atraso para a formação de um programa de transição para a conjuntura.

Nesse sentido, o otimismo da vontade, sem o suficiente pessimismo da razão levou boa parte da esquerda à situação de agudos erros verificados nas Jornadas de Junho. Por isso, se devemos ser humildes quando olhamos para as nossas forças, por outro lado, devemos ser ousados nos nossos objetivos. Reafirmamos a necessidade de construção do partido revolucionário e da revolução socialista internacionalista, mas também é bem verdade que precisamos atualizar nossas táticas e métodos para que esses fins sejam de fato uma possibilidade concreta de tornar-se de massas.

Não partimos do zero. Reivindicamos o que há de melhor no amplo legado de luta dos trabalhadores contra o capital e toda a forma de opressão: o internacionalismo, o feminismo, a luta do povo negro, dos LGBTTs, o método do partido revolucionário. No entanto, precisamos dialogar com o povo dentro das condições da realidade atual.

Vivemos, portanto, um difícil período na esquerda, em que predomina a desagregação e a desconfiança. Nossa ruptura, contudo, se deu dentro de uma concepção que reafirma o desejo sincero de unidade entre a esquerda revolucionária. De modo que seja possível a construção das lutas contra o capital, tendo a crítica permanente, a democracia, a intolerância contra qualquer forma de opressão e a solidariedade como preceitos fundamentais de uma concepção de socialismo de fato libertadora, reafirmamos nosso respeito à LSR-CIT, assim como nos engajamos na construção de espaços de unidade dentro da esquerda revolucionária e nas frentes amplas de movimentos sociais.

Acreditamos que o #MAIS é a organização que potencializará nossa militância nos marcos do marxismo revolucionário, numa perspectiva radicalmente democrática e internacionalista. Na humildade de que somos parte de um amplo processo de reorganização da esquerda brasileira, seguimos perseverantes nessa difícil caminhada na construção do partido revolucionário e da revolução socialista.

Até a vitória!

Rio de Janeiro, 17/01/2017
Assinam:
Antonio Enagio (São Gonçalo)
Breno Nascimento (Niterói)

Bernardo Valentim (Campos)
Deyverson dos Reis Souza Barbosa (Niterói)
Felipe Barros (Rio das Ostras)
Felipe Mesquita (Niterói)
Gleissiton Gualberto (Niterói)
Leandro Senhorinho (Niterói)
Lídia Porto (Niterói)
Lucas Gandara (São Gonçalo)
Luiz Felipe Vieira (São Gonçalo)
Luiz Augusto (São Gonçalo)
Mayco Rodrigues (Niterói)
Reginaldo Costa (Niterói)