Pular para o conteúdo
BRASIL

As ideias que a direita gosta

EDITORIAL 13 DE JANEIRO | O pensamento conservador vem ganhando força no Brasil. Enganam-se aqueles que acham que este movimento é resultado da livre opinião popular.

As traições do PT, a crise econômica, o golpe parlamentar, os novos movimentos da direita organizada e a falta de uma alternativa de esquerda para o país abriram espaço para que a narrativa construída pela direita ao longo da crise política ganhasse influência em amplos segmentos da classe trabalhadora.

Mas, o que de fato são essas ideias? E, o mais importante, para que elas realmente servem?
A direita esbraveja do alto dos seus gabinetes: quanto menos estados e gastos públicos, mais eficiência; quanto mais privatização, mais serviços de qualidade; quanto mais força policial, mais segurança pública; quanto mais ódio aos LGBTs, às mulheres e aos negros, mais a família brasileira estará protegida.

É um pensamento conservador nos costumes e, ao mesmo tempo, extremamente liberal na economia. Os novos movimentos de direita no país têm distintas matizes. Mas existem ligações profundas entre o liberalismo político e o pensamento conservador no que toca às escolhas e comportamentos.

Ao absorver as ideias que a direita gosta, os trabalhadores começam a agir contra si mesmos, contra seus próprios interesses de classe; começam a defender o inimigo e a combater seus aliados; se dividem e ficam mais fracos. Os planos da burguesia para o país ficam, assim, mais fortes.

O problema da crise econômica não seria porque a riqueza do país é destinada aos banqueiros e grandes empresários, mas porque o patrão gasta muito dinheiro com direitos sociais. O problema da péssima qualidade no serviço público não seria porque há pouco investimento, mas porque não são administrados por empresários.

O genocídio do povo negro não seria motivado pelo racismo, mas pelo confronto entre o tráfico e a polícia. Mulheres seriam assassinadas pelos seus companheiros por razões passionais, e não pelo machismo.

Mas, talvez, a mais perigosa dessas ideologias reacionárias é a ideia de que seria impossível deter a ofensiva da direita. Ela seria tão forte, estaria tão impregnada e tão assimilada pelos trabalhadores que seria invencível. Nós devemos dizer: não!