Por Matheus Gimenez Petroni, de Bragança Paulista, SP
Há alguns meses, o ilegítimo Governo Temer trocou soluções de software livre por soluções da Microsoft. Mas afinal, o que é software livre e o que você tem com isso?
Software livre é como chamamos um programa de computador que respeita as liberdades do usuário que está executando esse programa. (Explicarei essas liberdades mais a frente).
O software livre em inglês é chamado Free Software, mas apesar do nome, o free não é sobre o preço e sim sobre liberdade (freedom).
Um breve resumo da história do software livre segundo a Wikipedia
Durante a década de 60, os computadores de grande porte, utilizados quase exclusivamente em grandes empresas e instituições governamentais, dominavam o mercado da Computação. Nesta época, não era comum do ponto de vista comercial a ideia do software como algo separado do hardware. O software era entregue junto com o código-fonte ou, em muitas vezes, apenas o código-fonte. Existiam grupos de usuários que compartilhavam código e informações. Assim, no início, o software era livre: pelo menos para aqueles que tinham acesso à tecnologia da época.
Em 1983, Richard Stallman, funcionário do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, passou por uma experiência negativa com software comercial e deu origem ao Projeto GNU. Durante o período que estava no MIT identificou uma falha no software de uma impressora Xerox. Tentou corrigi-la, mas a empresa não liberou o código-fonte. Esse fato motivou Richard Stallman a criar um mecanismo legal de garantia para que todos pudessem desfrutar dos direitos de copiar, redistribuir e modificar software, dando origem a Licença GPL. Para institucionalizar o Projeto GNU, Stallman fundou a Free Software Foundation ( FSF). Nasce assim o Movimento do Software Livre.
Em julho de 1991, Linus Torvalds, um estudante finlandês da Universidade de Helsinki, divulgou uma mensagem mencionando sobre seu projeto de construir um núcleo livre, similar ao Minix, e obteve ajuda de vários desenvolvedores. Em setembro do mesmo ano, Linus lançou a versão oficial do que é hoje o Linux. Centenas de desenvolvedores se juntaram ao projeto para integrar todo o sistema GNU (compilador, editor de textos, shell, etc) em torno do núcleo do Linux. Nasce então, sob a licença GPL, o sistema operacional GNU/Linux.
O software livre mais famoso no mundo é sistema operacional GNU/Linux. Atualmente o software livre é altamente propagado, sendo usado em milhares de celulares através do Android. Na web o software de gerenciamento de sites mais famoso é um software livre chamado WordPress. Atualmente 27% da internet roda nessa plataforma, inclusive esse portal.
As liberdades do software livre
Um programa para ser livre precisa respeita quatro liberdades, são elas:
Liberdade 1: A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito;
Liberdade 2: A liberdade de estudar o software;
Liberdade 3: A liberdade de redistribuir cópias do programa de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
Liberdade 4: A liberdade de modificar o programa e distribuir estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie.
Um programa que respeita essas quatro liberdades é considerado um programa livre (em inglês, free software).
Já um programa que não respeita alguma delas (ou todas) é considerado um programa não-livre. Ou, como chamamos na comunidade de software livre, um software proprietário.
Como um programa de computador funciona
Basicamente, um computador aceita e executa comandos, um computador por si só é uma maquina burra, sem comandos não executa nada.
Um exemplo de comando seria:
<script>alert( ‘Oi’ );</script>
Esse comando é um código escrito em JavaScript, linguagem de computadores que a maioria dos navegadores aceita. Nesse caso, ele criaria uma janela de alerta com a mensagem “Oi“.
Veja na imagem abaixo:
Um programa de computador são vários comandos como esses, que vão ser interpretados e executados no computador. Isso é chamado de código fonte.
Os programas proprietários e suas restrições
Quando um programa não respeita suas liberdades como usuário isso pode trazer riscos a sua privacidade, isso afeta sua liberdade tanto no mundo virtual como no mundo “real”.
Um programa proprietário na maior parte dos casos não te da acesso ao código que está sendo executado no seu computador. Pense por exemplo, no Facebook, cujo o código fonte é guardado a 7 chaves: Quanta coisa você posta ali por dia? Quantas mensagens envia por ali? Gostaria que alguém além dos seus contatos para quem enviou essas mensagem tivessem acesso as mesmas?
Pois é exatamente isso o que acontece: Você não pode ver o que eles fazem com o que você produz ali, eles só falam para você confiar, já que auditar é impossível.
Outro problema comum de um programa proprietário é quanto a liberdade de execução do mesmo, veja essa tirinha como exemplo:
O software livre já é uma realidade
O software livre hoje já não é mais uma utopia, já está presente na vida de usuário comum. Um bom exemplo é o Firefox, que é livre e tem uma fundação por trás que apoia a distribuição de software livre.
Temos outros exemplos, como o Google Chrome ou o Android, mas nesse caso, existem nuances, que acredito que não cabem nessa postagem.
Nas próximas postagens pretendo entrar melhor nesses nuances, com uma visão de esquerda sobre como a luta pela liberdade no software deve ser constante.
*Matheus Gimenez Petroni é programador e ativista da frente de esquerda Bragantina
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