Pular para o conteúdo
BRASIL

Greve Natalina: adesão não para de crescer e Petrobras mantém trabalhadores presos há mais de 40 horas

Por: Pedro Augusto, de Mauá, SP.

Após a deflagração da greve dos petroleiros, às 0h do dia 23/12, trabalhadores de diversas unidades pelo país iniciaram as paralisações. Nas refinarias REPLAN, REPAR, REVAP e no terminal TABG, o corte de rendição começou nesse mesmo horário. Ou seja, os trabalhadores que entrariam para trabalhar às 23h do dia 22/12 ou às 0h do dia 23/12 aderiram à greve e ficaram do lado de fora. Pela manhã do dia 23, os trabalhadores do turno da refinaria RECAP também iniciaram o corte de rendição, assim como os trabalhadores do administrativo dessas mesmas refinarias que aderiram em massa à greve.

Petrobras ataca direito de greve e mantém trabalhadores em cárcere privado
Um dos regimes de trabalho típicos para os trabalhadores que trabalham na produção e distribuição de combustíveis, em plataformas, terminais e refinarias, chama-se Turno Ininterrupto de Revezamento (TIR). Nesse regime de trabalho, cada unidade tem um efetivo mínimo de trabalhadores e esses trabalhadores só podem sair do trabalho caso recebam a chamada rendição. Ou seja, só sai se chegar um outro trabalhador para ficar no seu lugar. Esse regime é adotado em operações que não podem ser interrompidas bruscamente, pois podem provocar danos às instalações e aos produtos, expondo os trabalhadores a um risco de morte.

No entanto, desde o dia 19/12 a Petrobras foi comunicada pelos sindicatos representantes da categoria que seria deflagrada paralisação por tempo indeterminado a partir do dia 23/12. Nesse lapso, não houve qualquer iniciativa da empresa no sentido de negociar com o Sindicato um efetivo mínimo que garantisse a parada dos equipamentos de forma segura, sem que isso interferisse no direito de greve dos trabalhadores.

Essa atitude, ou falta de atitude da Petrobras, ganhou contornos gravíssimos no caso dos trabalhadores da REPLAN e da RECAP, por exemplo. Nessas refinarias, após ser comunicada pelo Sindicato sobre o início da greve e receber a notificação de que os trabalhadores deveriam ser liberados do trabalho, as refinarias entregaram de volta um outro comunicado exigindo que o Sindicato indicasse trabalhadores para compor o efetivo mínimo por turno para manter as operações, mas sob o comando e supervisão da empresa, sem qualquer intenção de paralisar a refinaria. Ou seja, desejariam manter tudo funcionando como se não tivesse sido deflagrada a greve, utilizando a mão de obra dos próprios trabalhadores grevistas.

Na RECAP, os trabalhadores não aceitaram essa imposição e só foram liberados após 27 horas de trabalho ininterrupto, após a chegada de uma oficial de justiça que portava decisão da Juíza do Trabalho de Plantão, determinando a liberação dos trabalhadores. Na REPLAN, a situação é ainda mais grave. A empresa alega não ter efetivo para manter as operações, e após ter a sua proposta negada pelo Sindicato, continua mantendo os trabalhadores em cárcere privado há mais de 45 horas (atualizado às 14h00), numa condição degradante de trabalho.

Greve Natalina está numa crescente com a adesão de cada vez maior de trabalhadores
Esses exemplos demonstram a tentativa da Petrobras de enfraquecer um movimento que só cresce desde o seu início. Nesse momento, já temos mais de 13 unidades da Petrobras pelo país que iniciaram as suas paralisações, e várias outras que iniciarão entre hoje (24) e Segunda-feira (26).

A greve ocorre após o impasse nas negociações do acordo coletivo, que se arrasta desde Setembro, no qual a empresa quer impor redução de direitos, não pretende repor sequer a inflação, e tudo isso num cenário aonde continua vendendo diversos ativos da Petrobras sem licitação, colocando em risco o futuro e o patrimônio da estatal, mas principalmente os empregos dos petroleiros diretos e terceirizados. Até março de 2016, segundo dados divulgados pela Folha, mais de 170 mil trabalhadores terceirizados já tinham perdido os seus empregos na Petrobras, desde o início da Operação Lava Jato.

Confira abaixo as unidades que já iniciaram a greve (Atualizado às 14h00):

RPBC: Greve

REVAP: Greve

RECAP: Greve

REPLAN: Greve

REPAR: Greve

TABG: Greve

TEBAR: Greve

UTGCA: Greve

Terminal de Alemoa: Greve

TA Belém: Greve

UTE-BLS/BF: Atrasos e corte aleatório de turnos

CENPES: Atrasos

Foto: Sindipetro Litoral Paulista.