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BRASIL

Contra a perseguição política ao deputado Jean Wyllys

BRASÍLIA, DF, 13.03.2013: MARCO FELICIANOCOMISSÃO/DF – O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), mostra cartaz para manifestantes “ Queimar rosca todo dia” durante sessão presidida pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), na sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, no Congresso Nacional, em Brasília. Grupos contrários a sua presidência realizam protesto. (Foto: Pedro Ladeira/Frame/Folhapress)

Reproduzimos, abaixo, na íntegra, a nota oficial do MAIS sobre a perseguição ao deputado Jean Wyllys:

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou um processo político e de natureza LGBTfóbica contra o único deputado federal assumidamente LGBT, Jean Wyllys. A ação é baseada no fato ocorrido durante a votação do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, em que Jean Wyllys recebeu vários xingamentos homofóbicos como ‘queima rosca’, ‘sai viado’ e ouviu Jair Bolsonaro dizer ‘tchau querida’ dirigido diretamente contra ele.

Reagindo aos xingamentos, Jean Wyllys chamou seus agressores de ‘canalhas’. Quando Bolsonaro tentou puxá-lo pelo braço, Jean Wyllys cuspiu nele. No processo, foi também apresentado um vídeo comprovadamente fraudulento em que ele teria afirmado que pretendia cuspir no Bolsonaro.

Ricardo Izar (PP-SP), membro de um partido que tem 32 nomes envolvidos na Lava Jato, relator do processo, requisitou uma suspensão de 120 dias ao deputado.

A perseguição de Jair Bolsonaro ao Jean Wyllys é histórica. Há muito tempo que Bolsonaro sente-se à vontade para xingar e ridicularizar Jean Wyllys durante as sessões da Câmara, inclusive com cartazes e falas homofóbicas no microfone. Apesar disso, o deputado defensor da Ditadura Militar no Brasil não foi punido pelo mesmo Conselho de Ética, nem mesmo quando disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário “porque ela não merece” (sic). Em entrevista ao jornal Zero Hora, ele disse que “Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia. Não faz meu gênero. Jamais a estupraria.” A conclusão lógica é: segundo Bolsonaro, se Maria do Rosário fosse ‘boa’ e ‘bonita’, então ela mereceria ser estuprada.

Raramente o mesmo conselho tem tanta pressa em aplicar uma suspensão, ainda mais uma suspensão tão longa quanto essa. No escândalo de corrupção do Carlinhos Cachoeira, por exemplo, um único deputado foi suspenso por 90 dias. Desde então, nenhuma outra suspensão foi aplicada. Se Jean Wyllys deve receber uma suspensão por uma simples cuspida num momento de tensão contra o seu opressor, centenas de outros deputados também deveriam ser punidos, não só pelos vários escândalos de corrupção, como também pelos xingamentos homofóbicos. LGBTfobia é crime!

Nós, do MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), nos solidarizamos com o deputado e defendemos que o processo seja imediatamente retirado, por ser uma afronta aos direitos humanos, à comunidade LGBT e ao direito de legítima defesa dos setores oprimidos. Esse é mais um ataque de um governo que está retirando direito das pessoas trabalhadoras, negras, LGBTs e das mulheres, o governo que está cortando verbas dos serviços públicos mais essenciais como saúde, educação e previdência social, um ataque a todo o povo oprimido e explorado. Exigimos a imediata arquivação desse processo. Todo apoio ao deputado Jean Wyllys!