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EDITORIAL

Delação da Odebrecht expõe corrupção no governo golpista de Temer

EDITORIAL 10 DE DEZEMBRO | A crise institucional entre o legislativo e o judiciário no episódio envolvendo Renan Calheiros e o STF marcou a semana na política brasileira. O “acórdão” que significou a recondução de Renan Calheiros para a presidência do Senado foi uma demonstração de força de Temer e, acima de tudo, da unidade dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e da burguesia brasileira em defesa do ajuste fiscal. O objetivo era aprovar imediatamente a PEC 55 e acelerar os trâmites da Reforma da Previdência. Quando tudo caminhava para um relativo alívio do governo e o encaminhamento das suas principais medidas de ajuste fiscal, surge a divulgação das primeiras delações dos executivos da Odebrecht nesta sexta-feira, gerando um terremoto político em Brasília. As primeiras informações da delação envolvem nos escândalos de corrupção todo o primeiro escalão do governo Temer e os principais partidos da base de sustentação como o PMDB, PSDB e DEM. Assim como políticos do PT. Nome de Temer é citado 43 vezes na delação. 

Temer foi acusado de ter recebido R$ 10 milhões em dinheiro vivo como caixa 2, tendo como intermediário o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha e Geraldo Alckmin é acusado de ter recebido R$ 2 milhões em dinheiro vivo como caixa 2 para as suas campanhas eleitorais. As delações também envolvem José Serra, Aécio Neves, Rodrigo Maia, Moreira Franco, Jucá, Palocci, Jaques Wagner, Marco Maia e muitos outros políticos brasileiros. Lula também foi acusado de caixa dois pelas campanhas de 2002 e 2006 e agora também é denunciado por tráfico de influência na operação Zelotes.

Não por acaso os políticos de Brasília tentaram a todo custo aprovar anistia do caixa 2 no Congresso Nacional. Já temiam a delação dos executivos da Odebrecht. Ainda é cedo para dizer as consequências dessas denúncias. Caso sejam investigadas e homologadas pelo STF, sendo, assim, consideradas como prova,o governo Temer está seriamente comprometido.

A conjuntura brasileira está movida por uma contradição entre uma unidade da burguesia em conjunto com os setores mais altos da classe média como nunca antes visto na história do país em defesa do ajuste fiscal. Essa unidade em torno ao projeto político do ajuste é a base do acordo que gerou a manobra parlamentar reacionária que derrubou Dilma Roussef. É o que sustenta o governo golpista de Temer. Por isso, o governo apresenta rapidamente a PEC 55, a Reforma da Previdência, a MP do Ensino Médio e outros projetos contra os trabalhadores. Precisa demonstrar à burguesia que tem condições de aplicar o ajuste.

Por outro lado, existe uma luta entre distintas frações da burguesia e uma pressão do imperialismo sobre a nova reconfiguração do estado brasileiro que ainda se apresenta de maneira indefinida e imprevisível. Os trabalhadores estão, por enquanto, totalmente à margem do processo.

Não podemos aceitar que Temer, Renan e esses políticos corruptos que aplicam o ajuste governem o Brasil. Mas, também não identificamos na Lava Jato, no Juiz Sérgio Mouro e no STF os interesses da classe trabalhadora. Estes também representam interesses de uma fração da burguesia mais ligada aos interesses do imperialismo e uma saída bonapartista para a crise brasileira. Todos querem aplicar o ajuste fiscal. Acham que esse é o caminho para o Brasil.

É estratégico construir uma ação independente dos trabalhadores que resista ao ajuste fiscal de Temer. Devemos lutar para mobilizar os trabalhadores para entrarem em cena na política nacional. Somente a classe trabalhadora em movimento pode colocar em crise a unidade do projeto de ajuste da burguesia e apresentar uma alternativa ao projeto de Brasil das duas frações burguesas em choque.

Nesta mesma sexta-feira, ocorreu a mobilização dos metalúrgicos do ABC contra a Reforma da Previdência. A magnitude do ataque da previdência pode significar a faísca que mova a classe trabalhadora de conjunto. Devemos jogar nossas fichas neste processo.

Frente única para derrotar a PEC 55 e a luta por Eleições gerais, já!
Os socialistas devem lutar para construir uma grande frente única no Brasil. A defesa da unidade dos trabalhadores com uma proposta concreta de lutar contra o ajuste de Temer. A velocidade e a quantidade de ataques históricos exigem esse movimento imediato. Devemos unir centrais sindicais, movimentos sociais como o MST e MTST, partidos políticos e entidades estudantis para cerrar fileiras com o objetivo de derrotar o ajuste de Temer. Unidade para derrotar os ataques de Temer deve ser nossa palavra de ordem.

A delação da Odebrecht demonstra que Temer é parte central dos esquemas de corrupção no Brasil. Um governo que não tem legitimidade democrática, é produto de um golpe parlamentar e aplica um conjunto de ataques à classe trabalhadora. Não reconhecemos neste governo autoridade política e moral e legitimidade democrática para continuar governando.

O escândalo da Odebrecht nos obriga a apresentar uma solução política para a crise. Em primeiro lugar, devemos unir forças contra os ataques e pela saída imediata do governo ilegítimo. Temer deve cair e o povo deve decidir quem vai governar. A solução mais democrática e levando em consideração a correlação de forças entre as classes, desfavorável para os trabalhadores, é a luta por eleições gerais imediatas para presidente e para o Congresso Nacional, com novas regras. Devemos chamar os trabalhadores para se manifestarem através do voto perante a crise política, econômica e social causada pelo governo ilegítimo de Temer.

Foto: Beto Barata/PR