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OPRESSÕES

É pra responder Freud? Afinal, o que querem as mulheres?

São Paulo 08/06/2016 2º ato Por Todas Elas na Avenida Paulista, contra o estupro. Foto Paulo Pinto/AGPT

Por: Alinne Brito, de Macapá (AP)

Reza a lenda que o personagem da estória, o Artur o tal da Távola Redonda, um certo dia foi caçar na floresta de outro rei e acabou sendo preso e levado `a presença de um monarca para ser castigado, podendo pagar com a própria vida por tal ato. Contudo, pouparia sua vida se em um prazo de um ano conseguisse responder a seguinte pergunta: Afinal o que querem as mulheres? (Robert A. Johnson)

Os valores morais “estabelecidos” às mulheres estorvaram a luta pelo direito de ser. A história foi subjugadas às aspirações masculinas e aos múltiplos paradigmas que as discriminam e que materializam as opressões, daí a necessidade da luta, de se construir ferramentas para coibir os açoites sociais que há tempos tatuam o corpo da mulher.

A pergunta de Freud instiga a refletir sobre o pensamento masculino e o quanto está impregnado de jogos sociais, que não colaboram para se avançar minimamente duas casas, pois jamais conseguirá responder tal pergunta se não se despir do egocentro machista culturalmente estabelecido, caso contrário volte cincos casas e permaneça na idade média.

É preciso se despir do machismo todos os dias, apesar de se ter noção de que não é uma tarefa simplista e que se impregnou ano após ano no cotidiano da sociedade… Um dia li a seguinte postagem “de quem você chamaria a atenção primeiro: de um machista de esquerda ou de direita?” Uma das respostas dizia mais ou menos assim, do de esquerda para que ele assim pudesse chamar a atenção do direita. O pensamento que ocorreu no momento é que ainda se está tão longe do que as mulheres de fato querem, pois mesmo em organizações de esquerda, mesmo elas sendo revolucionárias ainda se tem que lidar com situações de machismo! O tema em questão não deveria ser tratado de maneira secundária , muito pelo contrário, deveria ser prioritário nas organizações que assim o dizem combater as opressões.

 Acertada a condição, então, a bruxa respondeu `a pergunta fatal, dizendo:- “Sabe o que realmente quer a mulher?  Ela quer ser senhora de sua própria vida!”. Artur e os demais, inclusive o rei que o havia condenado, ficaram todos atônitos, se dizendo, como é que nós não pensamos nisto antes, a resposta é simples e genial. E Artur foi então perdoado. (Robert A. Johnson)

O que querem as mulheres se não serem donas de si? Não se pode pensar o comunismo desconectado do feminismo, pois é algo intrínseco do próprio movimento. Ele dá a condição, a obrigação revolucionária da revolução, transforma, transcende e para isso ocorrer se faz necessário acordar o estado político/ideológico e não permanecer apenas em um estágio teórico.

A estrutura de dominação imposta a mulher acaba por ser um maquinal da luta e que envolve em uma engrenagem todo homem e toda mulher, pois todos fomos lançados neste processo e por tanto não devemos reproduzir relevos a essas problemáticas que “elegeram” que a natureza feminina deva ser naturalmente dominada, deste modo o projeto revolucionário nunca deixara de ser um projeto.

As mulheres se organizam para questionar a estrutura, a ideologia que se põe a moldar aquilo que nos é subjetivo. Bem como disse Nicole-Édith Thévenin: “O sujeito do desejo é o sujeito da criação, o sujeito da emancipação”.e isso é o que de fato queremos. A liberdade que nos foi roubada pelo patriarcado e pelo capital, e por tanto não nos esquecermos da luta de classes, pois não se pode esquivar daquilo que se acredita lutar.

Em pleno século XXI ainda se tem tamanha dificuldade de entender questões sobre a legalização do aborto por exemplo, luta-se para ser dona de seu próprio corpo, ainda queimamos na fogueira e sofremos com a ‘SANTA INQUISIÇÃO”.Mudaram -se os métodos, mas ainda queimamos. Apesar de toda luta ainda há quem nos enxergue como Quinto Tertuliano, escritor cristão, século III, “porta do diabo” e nos culpe pela “perdição da humanidade.”

É, Freud, o problema não está na sua pergunta, está mesmo em aceitar a resposta que a ela as mulheres atribuiriam e que apesar das conquistas, as lutas ainda não acabaram e estão longe disso acontecer.

Então mulheres tal seguirmos firmes e organizadas nas lutas?

Foto: Paulo Pinto/AGPT