Por: Igor Dantas, do Rio de Janeiro
Em 4 de dezembro, a Itália decidirá sobre uma reforma constitucional que reduz os poderes do Senado, delegando a função de legislar somente à Câmara dos Deputados. O número de senadores cairia de 315 para 100, e se tornaria um cargo não remunerado. O Senado seria formado por prefeitos e conselheiros regionais.
A proposta tem como argumento uma suposta desburocratização na aprovação das leis e maior poder ao Executivo. O governo do premier Matteo Renzi é grande apoiador da proposta. A autora da proposta, a ministra das relações com o parlamento, Maria Elena Boschi, veio inclusive ao Brasil e a outros países da América Latina afim de convencer os cidadãos italianos que aqui residem a votarem no SIM pela reforma.
Em oposição a essa proposta estão os principais partidos burgueses da oposição, como o Forza Itália, de Silvio Berlusconi, e principalmente o ‘Movimento Cinco Estrelas’, partido populista que se denomina nem de direita, nem de esquerda, comandado por uma figura controversa, o comediante Beppe Grillo, que tem totais poderes dentro da organização e se assemelha a figuras como Trump e João Dória, que se colocam como elementos de fora da política e seus vícios.
Esses grupos alimentam também forte oposição à presença da Itália na Zona do Euro, o que pode acarretar, em caso de vitória da posição do NÃO, em uma maior instabilidade na presença da Itália nesse bloco, já bastante afetado após o Brexit.
Nenhuma das alternativas demonstra gerar melhoras significativas nas condições de vida dos trabalhadores e do povo pobre, tampouco os líderes do SIM e do NÃO se tratam de lideranças da classe trabalhadora.
Como em vários locais, na Itália também faz falta uma alternativa socialista, que certamente não será contemplada com instrumentos como o dito referendo. Portanto, trata-se de um acontecimento que pode gerar fortes consequências para a União Européia, e, consequentemente, para a economia mundial. Fiquemos atentos.
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