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MOVIMENTO

O Rio é uma ponte para o ‘futuro’

Por: Gibran Ramos, do Rio de Janeiro, RJ

O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta, esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
– Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
– Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
– Sabe pensar
Bertolt Brecht

Caso o movimento de massas não consiga derrotar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, toda a decadência social que estamos vendo no estado do Rio de Janeiro vai se espalhar pelo país. O que o governo de Pezão (PMDB) está fazendo com o povo trabalhador carioca é uma amostra do que Temer (PMDB) vai fazer com o país.

Todas as medidas do governo Pezão atacam brutalmente os trabalhadores do serviço publico. Entre as mais escandalosas está o confisco de 30 % dos salários. Nas duas últimas semanas, vimos uma verdadeira praça de guerra na porta da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A fúria dos trabalhadores do serviço público, com destaque para os servidores da segurança pública, impediu que a Alerj votasse o pacotão de maldades do governador.

Um diálogo com os servidores da segurança publica
 Alguns fatos interessantes envolvendo a polícia aconteceram durante as mobilizações na porta da Alerj. Alguns progressivos, outros completamente equivocados. O fato dos policiais se juntarem ao conjunto dos trabalhadores do serviço público e se reconhecerem como explorados e irem à luta é muito progressivo. Como também o fato de policiais se recusarem a reprimir os manifestantes e desertarem é digno de cumprimentos e merece aplausos. O inimigo não são os manifestantes, mas sim os bandidos corruptos que estão instalados no poder e são financiados por empresários e banqueiros.

Mas não podemos apoiar aqueles policiais que vão às manifestações aplaudir Bolsonaro e exigir a volta da ditadura militar. Bolsonaro votou a favor da PEC 55!  A PEC do Fim do Mundo é um pacote de maldades de Temer contra os trabalhadores igual ao de Pezão. Além disso, o vereador Carlos Bolsonaro foi denunciado recentemente nas redes sociais por ser coautor de um projeto que garante um salario vitalício para os vereadores do Rio de Janeiro, um absurdo completo! Nenhuma ilusão na família Bolsonaro, não nos representa e está do lado dos ricos e poderosos.

Acreditamos que a sociedade é dividida em classes sociais. Uma minoria de famílias ricas donas de terras, empresas e bancos mandam no estado e usam para defender seus interesses a violência policial como instrumento. Com todo o respeito, mas é preciso entender que os homens e mulheres que estão na polícia são usados como bucha de canhão dos governos corruptos. Eles são chamados sempre que necessário para reprimir as manifestações do povo explorado e oprimido que trabalha no sol quente todo dia para fazer uma minoria ficar cada vez mais rica.

Os servidores da segurança pública, lotados na policia civil ou militar, precisam refletir sobre a necessidade de ter o direito de se sindicalizar, fazer greve e escolher democraticamente seus chefes superiores.

Unificar todas as lutas nos dias 25 e 29 de novembro
É preciso que a luta dos servidores públicos do Rio de Janeiro se some com a luta dos estudantes das ocupações e com as greves dos trabalhadores das universidades e institutos federais. Vamos unir o povo trabalhador carioca para construir o dia 25/11 com uma grande manifestação de rua parando a cidade para protestar e derrotar os planos de Pezão e de Temer.

Muito importante também será construir a caravana nacional a Brasília da educação contra a PEC 55. Todas as entidades representantes de trabalhadores e estudantes estão convocando de forma unitária o movimento #ocupebrasilia29/11. Carga total e esforço redobrado para conseguirmos mobilizar milhares e garantir recursos para todos ocuparem a Esplanada dos Ministérios com muita disposição de luta e impedir que o Congresso Nacional vote a favor do pacote de maldades do presidente ilegítimo Michel Temer.

A greve geral segue sendo uma necessidade
Lamentamos muito que as centrais sindicais tenham falhado na tarefa de construir uma greve geral no país. O calendário das centrais, que envolve os dias 11 e 25 de novembro, dividiu o movimento e ajudou o governo, que conta com o apoio aberto da Força Sindical. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade) votou a favor da PEC 241 na Câmara, hoje PEC 55 no Senado.

Ao mesmo tempo, queremos alertar os companheiros da CUT que recusar a construir uma greve geral e abandonar a luta pela derrubada de Temer, apostando em Lula 2018, é um grave erro que vai levar os trabalhadores a mais derrotas.

Temer, os governadores, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário passam por uma importante crise política. Há uma luta forte entre as frações da burguesia por conta da crise econômica. Mas existe um grande acordo no que é estratégico para todos eles. Há uma ampla unidade da burguesia em aplicar o ajuste fiscal, impondo sacrifícios aos trabalhadores para garantir o luxo das pouquíssimas famílias de endinheirados que vivem dentro e fora do país.

Do lado de cá, entre os trabalhadores e suas representações sindicais, há muitas diferenças. Há setores da direita, da esquerda social-democrata e da esquerda socialista que atuam no movimento. Nesse cenário, o que precisa nos unir para lutar são as bandeiras que possibilitam a unidade de ação, a começar pela luta contra os ataques aos nossos direitos num calendário unificado rumo à greve geral.