Forte manifestação de servidores atropela repressão e consegue adiar ‘Pacote de Maldades’, no Rio

Da Redação

Nesta quarta-feira (16), servidores do Rio de Janeiro, da saúde, educação, justiça, segurança pública, entre outras categorias, se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para dizer não ao ‘Pacote de Maldades’ proposto pelo governo estadual de Pezão e Dornelles (PMDB). Há mais de um mês, o governador se pronunciou decretando calamidade e, a partir disso, anunciou uma série de medidas para jogar a conta da crise do estado sobre os trabalhadores. Em resposta, cerca de 30 mil pessoas compuseram a manifestação. Nem o aparato repressivo, com reforço da Força de Segurança Nacional, nem os cercos ao redor da casa, impediram o protesto. Como resultado, os deputados decidiram por adiar a votação do pacote para o dia 30 de dezembro.

A manifestação iniciou às 10h. Antes disso, algumas categorias se concentraram em locais próximos e foram em caminhada para a frente da Alerj. Uma das maiores presenças era da Educação. Dos 30 mil manifestantes, cerca de 15 mil eram da categoria e trabalhadores da saúde. Outras, como os servidores federais em greve, também se somaram, em solidariedade. Após participarem de um ato na UFRJ, seguiram em grupo até o Centro do Rio.

Mais cedo, um pequeno grupo da segurança pública tentou impedir o uso de bandeiras de partidos políticos no ato e houve confronto, apartado pelos próprios manifestantes. Uma minoria, ainda, pedia intervenção militar. Enquanto isso, educadores seguravam faixa dizendo “Ditadura nunca mais”.

A repressão durou por horas, durante toda a manifestação. O aparato organizado pelo Estado foi grande. Dias antes, a Alerj já estava rodeada por cercas, para tentar impedir que os servidores ocupassem a Assembleia. Ainda, foi anunciada a chegada de pelo menos 180 agentes da Força de Segurança Nacional à cidade do Rio no dia anterior, para agir contra o movimento. A tentativa, no entanto, não foi suficiente para conter o ânimo dos manifestantes. Pelo menos dois policiais militares se negaram a reprimir o movimento e abandonaram a tropa, sendo saudados pelos manifestantes.

Enquanto isso, os deputados estaduais se reuniam em Sessão Ordinária para discutir o ‘Pacote de Maldades’. Como resultado da força do movimento, tiveram que adiar a votação prevista para acontecer nesta quarta-feira. Com isso, a decisão só acontecerá no dia 30 de dezembro.

Durante a discussão, algum parlamentares, como Marcelo Freixo, do Psol, questionaram o fato de a medida não ter sido nem discutida com o conjunto dos trabalhadores. “Essa não é uma medida qualquer, como as outras”, destacou o ex-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.

Além dos trabalhadores, que estão com salários parcelados, a situação do estado do Rio de Janeiro é grave. Escolas, hospitais e vários direitos básicos da população estão sendo afetados. Cerca de 400 leitos foram demolidos no Iaserj. Ainda há risco de acabar com o aluguel social e com os restaurantes populares. Enquanto isso, o governo segue com uma política de isenções fiscais às grandes empresas e de execução de obras milionárias.

Entenda
Caso seja aprovado o Pacote de Maldades de Pezão e Dornelles, o desconto previdenciário dos servidores deve subir para 30% e programas sociais como o Renda Melhor, o Aluguel Social e o Restaurante Popular serão extintos. As medidas atingem servidores ativos, inativos e pensionistas.

O pacote é apresentado como a solução dos graves problemas que o Rio Janeiro atravessa. Só que Pezão esconde que esses problemas foram criados pelo PMDB com a farra da isenção de impostos a grandes empresas. Foram mais de R$130 bilhões que se deixou de arrecadar de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). E completa-se esse quadro com a corrupção generalizada do PMDB, que assaltou os cofres do estado.

Assista, no vídeo, imagens da repressão durante o ato na Alerj