A intolerância que destrói a juventude: Quantos Guilhermes? Quantos Diegos?
Publicado em: 16 de novembro de 2016
Por: Lucas Fagundes, 17 anos, secundarista, de Porto Alegre, RS
“O fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso em 1922 na Itália, em 1933 na Alemanha, no Brasil em 1964. Mas, o Fascista é apenas um criminoso comum, ou um sociopata que está fazendo carreira na política. No poder, essa direita não hesita em torturar, estuprar e roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos. Mais do que a corrupção, o fascista pratica a maldade”. Quando disse tão sábias palavras, Norberto Bobbio definia os momentos que vivemos. Vivemos um tempo de opressão às minorias. Mas, isso não é novidade. Realmente, a opressão que sofremos vem desde sempre e começa no exato momento em que o homem recebe o privilégio de ser superior à mulher. O privilégio que é nos dado é a abertura para todas as demais opressões.
No tempo em que vivemos processos tão legítimos e na busca da liberdade das opressões através dos estudantes com as ocupações de escolas e espaços públicos, ocupações de vias públicas com milhares na busca pelo mesmo objetivo, também sofremos duros ataques aos direitos sociais. Nos últimos tempos, a juventude brasileira tem sido destroçada devido a ataques racistas, homofóbicos, machistas e, acima de tudo, fascistas. Precisamos falar sobre isso, urgentemente.
A juventude busca caminhos alternativos
As ocupações não são somente espaços de luta e resistência, são espaços de politização, espaços de desconstrução e fuga das opressões sociais. O retrato da juventude brasileira nesses últimos tempos tem sido a resistência. A juventude fica marcada por ser responsável de manter acesa uma luz no fim do túnel. Assim como na ditadura em 64 e no impeachment de Collor, a juventude e o movimento estudantil se colocam à frente dos movimentos que nos mostram a saída.
Guilherme Irish foi assassinado pelo seu pai, após Alexandre descobrir o envolvimento do jovem de 20 anos no movimento de ocupações contra a PEC 55 (241). Ele executou Guilherme com quatro tiros e, logo após, se suicidou. Nessa hora tento imaginar o nível de pensamento do pai. Ele me parece pensar muito parecido com Bolsonaro e toda a bancada evangélica, me parece pensar que nem Garrastazú Médici, ou quem sabe Carlos Alberto Ustra. A intolerância dos tempos de hoje é similar à da época ditatorial.
Precisamos ouvir a juventude, agora!
Os jovens precisam aconselhar e serem aconselhados. Assim como aqueles que resistiram na ditadura são exemplos de resistência hoje, mais do que nunca, somos exemplo para os que resistiram e que vão resistir. Nós precisávamos ouvir o Guilherme, nós precisávamos ouvir o Diego Vieira, jovem que morreu esfaqueado por ser negro e LGBT, no Campus do Fundão da UFRJ.
A juventude nos mostra a saída e a luz que vai sustentar a luta contra toda a retirada de direitos e buscará a alternativa contra as opressões sociais. Assim como Dani Black diz na música ‘O trono do estudar’: “E tem que honrar e se orgulhar do trono mesmo, e perder o sono mesmo para lutar pelo o que é seu. Que neste trono todo ser humano é rei, seja preto, branco, gay, rico, pobre, santo, ateu”. Ninguém tira o trono da juventude, que consigamos lutar unidos em busca de um só objetivo: uma sociedade livre das opressões.
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