David Cavalcante, servidor público e membro do Diretório Estadual do PSOL – PE
Na capital pernambucana avolumam-se as forças sociais e políticas contra as medidas de ajustes neoliberais do governo Temer. Tem crescido especialmente as ocupações de estudantes, nas universidades UFPE e UFRPE, agora somadas por escolas públicas e pela Reitoria da Unicap, em oposição à PEC 55 e ao ‘ilustre educador’ pernambucano e Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e sua ‘ilustre’ Medida Provisória de Reforma do Ensino Médio, a MP 746/2016. A exigência do ‘Fora Mendonça’ começa a fazer parte do vocabulário ativista, afinal a terra de Paulo Freire não merece tal representante na principal pasta da educação do país.
Os professores da UFPE simbolicamente antecederam, na quinta-feira (10), o dia de protestos, paralisações, bloqueios de estradas e avenidas que marcaram o dia 11 de novembro, no estado. A greve por tempo indeterminado dos docentes foi deflagrada na maior assembleia da categoria, com 719 presentes, em meio a uma grande movimentação com a presença de estudantes das ocupações e técnicos administrativos (estes já em greve) e diante de diversas manobras burocráticas da diretoria da ADUFEPE (dirigida pelo PCdoB e PT), como a votação em cédula para tentar despistar a crescente pressão dos demais movimentos presentes. Tiro que saiu pela culatra, pois o resultado, depois de cerca de quatro horas de polêmicas e disputas de encaminhamentos, foi decidido por gloriosos 20 votos, 367 a favor e 347 contra.
O dia 11, apesar das raras assembleias de base para somar com as direções sindicais e o pouco tempo de preparo, foi um passo importante para a construção do dia 25 de novembro. Houve protestos e bloqueios de avenidas, estradas e órgãos públicos com a participação de servidores federais e municipais, petroleiros, metalúrgicos, portuários e professores de várias cidades da capital e do Interior.
Trabalhadores Rurais e MST bloqueram 26 rodovias. Na Região Metropolitana do Recife, o destaque foi para a adesão dos rodoviários com a paralisação das principais garagens por quatro horas, o bloqueio da rodovia de acesso a Suape e o da BR 101, em frente da UFPE, pelo MTST, organizações políticas (MAIS, NOS, Levante, UJC, RUA, PSTU, PSOL, Margarida e outros), Simpere, Sintufepe, CSP-Conlutas e estudantes das ocupações.
A capital pernambucana parou geral em todo o horário da manhã. Diversas avenidas e rodovias foram ocupadas e marcadas pelas chamas das barricadas, faixas, cartazes, protestos, bandeiras dos sindicatos, movimentos sociais e diversos coletivos. Uma unanimidade está se formando na consciência do ativismo social: é preciso jogar todas as forças coletivas nas próximas semanas para derrotar a PEC 55 e o ajuste fiscal de conjunto. A proposta da Greve Geral parece agora mais factível no horizonte. A Conlutas e a Intersindical estão convocando conjuntamente uma plenária ampla e aberta aos demais movimentos e organizações, no dia 17 de novembro, rumo ao dia 25. O espírito de Frei Caneca voltou a rondar por aqui.
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