Editorial 12 de novembro
O dia nacional de luta foi marcado por paralisações, bloqueios de estradas federais e avenidas das grandes cidades e atos públicos em dezenas de cidades do país. O grande destaque foram os estudantes secundaristas e universitários, servidores e professores das universidades ocupadas, demonstrando que o centro da resistência contra os ataques de Temer está, neste momento, dentro das universidades que estiveram com as atividades totalmente paralisadas.
Foi também muito importante as paralisações da educação básica e no ensino técnico com todos os Institutos Federais fechados. Tivemos também paralisações em rodoviários de Recife, Guarulhos, Brasília e Salvador e mobilizações em vários terminais da Petrobras pelo país. O MTST fez bloqueios em rodovias e ruas de São Paulo.
Importante destacar também os atos unificados realizados em Porto Alegre (15 mil), Belo Horizonte, Belém (5 mil), São Paulo (5 mil) , Rio de Janeiro (15 mil) e diversas outras cidades que reuniram milhares de pessoas pelo país.
Os limites do dia 11 de novembro
Assim como os dias de luta marcados anteriormente em 16 de agosto e 22 de setembro, o dia 11 de novembro teve poucas paralisações no centro da produção industrial do país e na classe trabalhadora de conjunto. Muito insuficiente ainda para chegarmos perto da possibilidade de uma greve geral no país.
Evidentemente, existe um impacto sobre a classe trabalhadora dos sintomas da crise econômica e da brutal ofensiva do governo Temer e da burguesia. Os impactos da conjuntura defensiva são evidentes, mas seria errado reduzir o tema a isso. Existe uma crise na CUT e na CTB. Não conseguem paralisar seus bastiões históricos e o sectarismo de setores minoritários do movimento operário aumenta ainda mais a fragmentação e a dificuldade de responder de maneira unificada aos ataques.
A CUT não parou nenhuma fábrica no ABC paulista, onde fica seu principal sindicato e sabemos de poucas paralisações em fábricas pelo país. Isso demonstra um profundo desgaste da central em seu bastião histórico depois do fim do governo de conciliação de classes de Lula e Dilma e a ruptura majoritária da classe trabalhadora com o PT.
A Força Sindical, que dirige o sindicato dos metalúrgicos de São Paulo e importantes sindicatos da classe operária boicotou a paralisação do dia 11 e está concentrada em convocar o dia 25 de novembro. A grande incógnita é o papel da Força Sindical, uma vez que seu principal dirigente e deputado federal, Paulinho, votou favorável à PEC na Câmara dos Deputados.
Mesmo o PSTU, que dirige o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Construção Civil de Belém e sindicatos de metalúrgicos do Interior de Minas, ao priorizar uma aliança com a Força Sindical no dia 25 de novembro, na prática enfraqueceu a mobilização do dia 11.
Unidade para valer para construir o dia 25 de novembro e ocupar Brasília no dia 29
Precisamos da mais ampla unidade das centrais sindicais (CUT, CTB, CSP-CONLUTAS, Força Sindical), DCEs, MTST, MST, movimentos sociais e partidos políticos de esquerda para construir um dia 25 de novembro mais forte e que supere as limitações do dia 11 de novembro. Perante a ofensiva da burguesia e uma conjuntura defensiva para a classe trabalhadora, é uma necessidade a unidade de ação ampla para fortalecer as lutas de resistência em curso.
A resistência existe e hoje está concentrada principalmente na juventude e nos processos de ocupação. Embora seja uma mobilização histórica, sabemos que a luta da juventude contra a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio ou avança para uma unidade com a classe trabalhadora em mobilização, ou será derrotada. Vamos apostar nossas fichas na possibilidade de unidade e fortalecimento da luta. Para isso, é o momento de superar o sectarismo e unir nossas forças e construir pela base fortes paralisações e greves no dia 25 de novembro e uma forte caravana a Brasília no dia 29 de novembro.
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