Por Sonia Conti, São Bernardo do Campo, SP
Em área verde sem uso há mais de trinta anos, de propriedade da prefeitura, no alto de um dos morros atrás da Vila São Pedro, 1.200 pessoas vivem em situação precária, com ligação de energia elétrica apenas em alguns barracos, sem água, que só é conseguida carregada em baldes através do morro. Banheiros, quando não disponibilizados os do comércio existentes nas proximidades, são improvisados e utilizados apenas em situações de “muito aperto”, conforme relato de moradoras do local.
A maioria dos ocupantes é de desempregados ou trabalhadores precários da própria Vila. Eles vivem em condições longe do que significa um ambiente saudável que promova a qualidade de vida dos ocupantes e da comunidade. Os ocupantes pedem a regularização da área para que tenham a sua permanência mantida no local.
Após duas reuniões com a administração pública, a proposta apresentada pelas autoridades é que os ocupantes saiam do local, considerado como área de risco, imprópria para habitação, com a promessa de um auxilio aluguel de três meses e apoio para viabilizar atendimento por meio do Minha Casa, Minha Vida.
Já os ocupantes apontam a disposição de aceitar um acordo que envolva oferecimento de Renda Abrigo até a entrega de novas moradias para todos que estão na área.
Sem acordo, a PMSBC já entrou com medidas judiciais tendo por finalidade a reintegração de posse.
A Lei Orçamentária de São Bernardo prevê R$ 5,1 bilhões para o próximo período, com gastos destinados para a área de habitação na ordem de R$ 766,5 milhões.
A administração pública se diz com poucos recursos para aplicar em áreas sociais. No entanto, a nova administração de Orlando Morando (PSDB), já acena com redução de impostos e leis de incentivo fiscal para as montadoras Mercedes-Bens, Volkswagen, Ford, Scania, com a velha cantilena de garantir empregos na região.
Ou seja, abre mão de recursos que poderiam ser utilizados em habitação, saúde e educação. Tiram dos necessitados em favorecimento dos poderosos.
Infelizmente, a já tão difícil realidade destes setores sociais tendem a ficar cada vez mais débeis a depender da aprovação da famigerada PEC 241/55.
Apesar dos discursos de inclusão, da administração que se despede da cidade, diante destes fatos, percebemos o quanto falta para se ter uma cidade inclusiva para os que nela moram.
Comentários