Pular para o conteúdo
Especiais
array(1) { [0]=> object(WP_Term)#20989 (10) { ["term_id"]=> int(4354) ["name"]=> string(27) "Tirem as mãos da Venezuela" ["slug"]=> string(26) "tirem-as-maos-da-venezuela" ["term_group"]=> int(0) ["term_taxonomy_id"]=> int(4354) ["taxonomy"]=> string(9) "especiais" ["description"]=> string(0) "" ["parent"]=> int(0) ["count"]=> int(184) ["filter"]=> string(3) "raw" } }

Aonde vai a Venezuela?

Por: Fabio José de Queiroz, de Fortaleza, CE

Dia 11 de novembro é uma data chave para a Venezuela. Com mediação do Vaticano, os principais grupos políticos do país, oficialistas e opositores de direita, notadamente a Mesa de Unidade Democrática/MUD, tentam encontrar uma solução negociada para a crise em curso na terra de Simón Bolívar.

A questão é: há saída negociada para crise venezuelana?

Interessa a Maduro se apoiar nas negociações para ganhar tempo e solapar as manobras da oposição de direita. Um plebiscito revogatório em 2016 e a antecipação das eleições não compõem a pauta dos maduristas, uma vez que, em meio a uma poderosa crise econômica, o PSUV enfrenta um momento de profundo desgaste político. À MUD interessa o plebiscito revogatório e a antecipação das eleições, pois o desgaste do governo pode ser uma arma preciosa para que a velha direita retorne ao principal posto de mando do país.

Os EUA, por meio do subsecretario de Estado Thomas Shannon, já sinalizou que as conversações devem desembocar en “algún tipo de agenda electoral”, conforme divulgou o site do periódico El Nacional, ponto de vista que respalda as pretensões da Mesa de La Unidade Nacional (MUD).

Nicolás Maduro busca ganhar tempo, o que irrita profundamente à oposição de direita, uma vez que isso põe em xeque a tática política de antecipação do calendário eleitoral. Decorre da tática madurista o jogo de ameaças e ultimatos que perpassa as ações das forças oposicionistas. Elas sabem que o relógio não é seu amigo. Em síntese, o governo quer congelar o tempo, a MUD deseja acelerá-lo.

Nem mesmo toda a santidade do Vaticano tem como acomodar interesses tão conflitantes. Não por acaso, os dias que antecedem a negociação do dia 11 estão permeados de bate-bocas intermináveis entre as duas partes. Maduro acusa a oposição de direita de querer tomar Miraflores (palácio presidencial) a tiros. A oposição rebate o presidente, ressuscitando o episódio da iniciativa chavista de derrubar o governo de Carlos Andrés Pérez de armas na mão. Nessa dinâmica, a saída negociada pode se tornar um sonho de uma noite de verão. Acontece que estamos às portas do inverno venezuelano.

De uma parte, cada força política acredita que, no limite, pode arrancar das negociações para uma posição mais favorável a sua tática. De outra, não está descartado que a solução se dê pela política por outros meios, o que indica que para além do parlamento e das negociações, as ruas permanecem como um cenário possível de encaminhamento da crise.

À pergunta “Aonde vai a Venezuela? ”, por enquanto, só a podemos responder com uma mera ilação: o seu desfecho, dificilmente, será semelhante ao do Brasil. As variáveis são mais complexas. Esperemos os resultados do dia 11. Eles não decidem quase nada, mas podem precipitar os rumos e os ritmos dos acontecimentos. Quando Ernesto Samper, secretário geral da UNASUL, diz que não se devem criar falsas expectativas sobre os resultados do diálogo, ele está apenas pedindo para que o impossível vença o provável, mas, poucas vezes na história, o impossível venceu o provável.