Hoje, completamos sete dias de ocupação. Sete dias em que as e os estudantes da Letras estão fazendo articulações com os outros cursos da Universidade e debatendo exaustivamente a PEC 55, a MP da Reforma do Ensino Médio e o projeto de lei Escola Sem Partido, além da realização de atividades que vão para além do currículo da graduação. Sete dias de exaustivos debates, sete dias de muita organização interna.
Até o dia de hoje, recebemos o apoio informal de alguns professores. Muitos deles, generosamente, nos visitam, diariamente, para trazer alimentos e saber como passamos a noite.
Sabemos que não estamos sozinhos: são mais de 1.300 unidades de ensino superior e básico ocupadas. É o maior movimento estudantil brasileiro dos últimos vinte anos, já superando a grande greve estudantil do Chile em 2011. Na UFRGS, são 20 cursos paralisados.
Entretanto, não recebemos nenhum documento formal que expresse o apoio do conjunto dos docentes da Letras à ocupação do Prédio de Aulas e que sinalize a legitimidade do nosso movimento, bem como a formalização da suspensão das atividades acadêmicas.
Muito nos preocupa o cerco que se fecha a nível nacional aos processos de ocupação: em Brasília, um juiz já decretou a validade da tortura psicológica para desocupar escolas. No Paraná, muitas delas já estão sendo violentamente desocupadas pela Polícia Militar. Já existe, na UFRGS, um movimento de extrema-direita organizado para desocupar as unidades. O Conselho da Unidade e a Reitoria da UFRGS não lançaram uma nota sequer ao grande movimento que se iniciou essa semana. Diante disso, fazemos aqui um apelo ao conjunto dos professores e ao Instituto de Letras para que se posicionem formalmente em relação ao levante de ocupações e que se posicionem contra a criminalização dos movimentos na Universidade.
Solicitamos um documento formal, assinado nominalmente pelos professores, que legitimem a nossa ocupação e que exija, do Instituto de Letras, também um posicionamento sob finalidade de suspensão das atividades acadêmicas bem como de não prejudicar nenhum aluno, dando atenção especial aos formandos que necessitam concluir sua graduação. Sem o apoio documentado formalmente, estamos mais vulneráveis. É preciso que os docentes que compreendem a legitimidade da nossa luta se coloquem ao nosso lado e que também exijam da UFRGS que não se cale.
Comentários